Feita à base de mandioca, o caxiri é uma bebida milenar da cultura dos povos Macuxi, em Roraima. Produzida manualmente, a bebida fermentada poderá deixar de ser preparada apenas para o consumo dos indígenas, mas para ser comercializada, conforme informou o coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima, Mário Nicácio.
Segundo Nicácio, há discussões nas comunidades indígenas do estado para o caxiri ser produzido em grande escala. "A ideia é comercializar o caxiri como um produto orgânico, livre de agrotóxicos. É uma bebida com fator nutritivo elevado", destaca.
Nas comunidades, a bebida é preparada em grandes quantidades durante os trabalhos coletivos, como a derrubada ou plantio das roças e tem ainda lugar cativo nas tradicionais comemorações indígenas. Aos visitantes, o caxiri é oferecido como sinal de boas vindas e agradecimento e é considerada pelos índios um tipo de alimento rico em nutrientes.
"Nossos avós contam que o caxiri surgiu como um alimento para dar força para a pesca e caça. É um alimento que vem da roça, uma mistura de mandioca e outros frutos da natureza", diz o coordenador-geral do Cir.
Preparo do caxiri
Conforme a tradição indígena, somente as mulheres podem preparar o caxiri. O preparo inicia com escolha e colheita da mandioca brava. Após isso, o ingrediente base do caxiri passa por um processo de limpeza, com o descarte da casca.
A mandioca é passada no ralo para que se obtenha a massa pastosa e misturada com água. Segundo a tradição, a massa deve ser cozida em panelas de barro, no fogo a lenha e ser mexida constantemente. O cozimento dura de 24h a 48h, pois a mandioca tem uma substância que, quando ingerida crua, pode provocar intoxicação.
O teor alcóolico da bebida vai depender desse tempo de fermentação. É indicado que, depois de cozida, a massa da mandioca descanse por apenas três dias. Dessa forma, o caxiri poderá ser ingerido até mesmo pelas crianças indígenas.
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