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Economia
Quarta - 13 de Junho de 2007 às 13:19
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Economistas e operadores do mercado financeiro aconselham o investidor a não comprar dólar. Só deve adquirir a moeda norte-americana quem pretende viajar em curto prazo ou tem compra para fazer no exterior. Para investir, jamais, pois o dólar é uma verdadeira “loteria”, alertam. Ninguém sabe que rumos tomarão as “verdinhas”, hoje em desvalorização no mundo todo. Se para o particular, dono de seu capital, a moeda é desaconselhável, o que dizer para o governo, que administra recursos pertencentes ao povo?

A política econômica brasileira deixa uma série de interrogações. Há pelo menos uma década, o Brasil transformou-se no destino atrativo ao capital internacional volátil, que vem para curto prazo e suga nossa economia, recebendo juros altíssimos, não conhecidos em qualquer outra parte do planeta. Ninguém é capaz de saber a quem beneficia a notícia da queda no chamado “risco Brasil”, medido pelo mercado internacional. Isso seria bom para nós, ou só para quem põe o seu dinheiro aqui para render?

Outro ponto de conflito está na baixa cotação do dólar. Para o povo, que não tem dólares para vender nem comprar, pode sobrar a falsa idéia positiva de que o país está em boa situação econômica, mas há controvérsias. A moeda nacional “forte”, leva quem tem dinheiro a comprar produtos importados – roupas, vestuários, eletrônicos, máquinas, etc - a preços menores. Mas, toda vez que se importa algo que nossa indústria é capaz de produzir, deixa-se de gerar emprego aqui e os gera no exterior. Ultimamente o grande beneficiário dessa situação é a China. Não podemos esquecer que, para ser forte de verdade, uma moeda precisa ter lastro em ouro, o que não é o caso do real brasileiro. Se comparado ao próprio dólar e a outras moedas em queda ou fracas, o real é forte, mas não quando cotejado com o euro, por exemplo.

O que mais intriga é o Governo que, mesmo com o dólar em queda, vem aplicando largas somas do capital público na moeda norte-americana. Atrai o capital internacional especulador, que pula de pais em pais em busca exclusiva de rendimento alto e, quando não o obtém, vai embora tão depressa quanto chega, sem nenhum compromisso com a economia local. Metido nessa ciranda, o Brasil corre o risco de tornar-se refém dos especuladores, pagando-lhe juros abusivos para que não repatriem seus capitais.

Com a estrutura econômica, o parque industrial e a agropecuária que possui, nosso país não deveria meter-se no grande cassino internacional das finanças, nem investir seus recursos no equilíbrio da cotação do dólar. Tem de deixar essa tarefa para as grande potências econômicas, cujos interesses e investimentos estão em todos os continentes e são cotados naquela moeda.

O Brasil, assim como qualquer nação do mundo, não pode ignorar os fundamentos da globalização. Mas tem de buscar dentro dela o melhor para o seu desenvolvimento e, principalmente, para o bem-estar da população. Os milhares de reais hoje jogados no dólar, deveriam estar no fomento à produção e na manutenção de uma política que tornasse competitivos os preços dos nossos produtos tanto no mercado externo quanto no interno. Fariam muito bem a todos nós se servissem para a redução da carga fiscal (impostos, contribuições compulsórias e encargos trabalhistas), que desafogaria a classe produtora e garantiria os empregos que tanto precisamos para absorver a mão-de-obra nacional. Nossos recursos não podem continuar criando empregos para chineses, coreanos e outros povos em seus países. Têm de criá-los aqui, para evitar a miséria que leva milhares de famílias e indivíduos a viverem da esmola oficial e, muitas vezes, recorrer à marginalidade como último meio de sobrevivência.

O capital público nacional, constituído com o sangue e o suor de todo o povo - que vive penalizado com a astronômica carga tributária, superior a 50% em boa parte dos produtos - deve, o mais rápido possível, ser colocado a serviço da sociedade, sua legitima dona. Mantê-lo aplicado na “loteria” do dólar não atende aos interesses nacionais. Na loteria, só alguns ganham... e muito!

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – presidente da APOMI (Associação dos Policiais Militares do Estado de São Paulo)

apomi2@terra.com.br





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