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Tecnologia
Domingo - 10 de Junho de 2007 às 08:28

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SÃO PAULO - Há duas semanas, o jornal americano USA Today noticiou: ´Saiam da frente, Índia e China. O Brasil é o mais recente entre os países com economia emergente a atrair grandes investimentos de companhias americanas de tecnologia.´ Mais do que os investimentos enumerados pelo jornal, chama a atenção a visibilidade internacional do País como jogador importante no setor de tecnologia. A mudança de imagem se deve principalmente a dois fatores: melhora dos indicadores macroeconômicos e expansão das vendas de microcomputadores.

Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), foram vendidos 7,4 milhões de PCs no ano passado, um crescimento de 20% sobre 2005. Para este ano, a previsão está em 8,6 milhões. A consultoria I.T. Data trabalha com uma expectativa ainda mais ousada: os micros vendidos podem alcançar 10 milhões, ultrapassando, pela primeira vez, a venda de televisores. Em 2006, o mercado brasileiro de computadores de mesa foi menor somente que o dos Estados Unidos e o da China.

´O Brasil é um país-chave´, afirmou Lee Ray Massey, vice-presidente sênior para as Américas do Grupo de Imagem e Impressão da HP, que visitou o País na semana passada. ´Não posso falar pelo mercado americano de tecnologia, mas, dentro da HP, há muito tempo reconhecemos isso.´ Em fevereiro, a empresa comemorou a marca de 10 milhões de impressoras produzidas no Brasil. A produção local começou em 1998. A HP Brasil é a única subsidiária a fabricar modelos que também são produzidos na Ásia.

A matéria do USA Today citou a fábrica inaugurada no mês passado pela Dell em Hortolândia (SP). ´O mercado brasileiro continua crescendo, principalmente nos notebooks´, disse Fernando Loureiro, diretor de Comunicação e Assuntos Corporativos da Dell. ´Michael Dell (presidente mundial da empresa) já disse que o segundo bilhão de PCs do mundo virá dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China).´

Loureiro defendeu que se aproveite o bom momento que o mercado brasileiro atravessa para reduzir barreiras que ainda existem ao crescimento. Ele defendeu uma flexibilização da Lei de Informática, com ampliação das alternativas no cumprimento da exigência de conteúdo local e da capacidade de as empresas decidirem onde aplicar os recursos de pesquisa e desenvolvimento.

O mercado de PCs foi beneficiado pelo corte do PIS e da Cofins, implementado no âmbito do Programa Computador para Todos, pela queda do dólar frente ao real, pela ampliação do financiamento dos computadores e pelos próprios ganhos de escala. O preço dos computadores caiu 50% desde 2004.

A venda de computadores portáteis no Brasil ainda é pequena. Isso faz com que o País, apesar de estar entre os três maiores mercados de computadores de mesa do mundo, fique no oitavo lugar nas vendas de PCs. Os laptops são 10% do mercado brasileiro de microcomputadores. A participação dos portáteis chega a 50% nos EUA e a 70% no Japão. Na América Latina, os notebooks têm 25% do mercado mexicano e 30% do chileno.

´Se o País mantiver a estabilidade econômica e as políticas setoriais, pode ficar entre o terceiro e o quinto lugares na venda de PCs em três anos´, disse Elber Mazaro, diretor de Marketing da Intel no Brasil. A Intel Capital, braço de investimentos da empresa, tem um fundo de US$ 50 milhões, criado especialmente para o País e citado pelo USA Today.

Telecomunicações

A Intel acredita que as vendas de PCs no Brasil têm potencial para crescer numa média de 20% ao ano nos próximos três a cinco anos. O mercado de notebooks pode dobrar todo ano até 2010, quando chegaria a 30% ou 35% das vendas totais. ´Tanto o setor industrial quanto o de serviços têm crescido bastante´, disse Mazaro. ´Mas algumas coisas podem melhorar.´

Ele destacou que, apesar de o Brasil ter avançado na política de informática, existe uma paralisia nas telecomunicações. ´Uma área depende da outra´, destacou o executivo. ´Se a banda larga parar de crescer, isso pode ter um impacto na venda dos computadores.´

O leilão das licenças para banda larga sem fio, com tecnologia WiMax, está paralisado desde setembro de 2006. Recentemente, o conselheiro José Leite Pereira Filho, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), disse que cabe às associações de operadoras chegarem a um acordo e levarem uma solução para os impasses que impedem a licitação. ´Esse leilão precisa acontecer´, disse Mazaro. O diretor da Intel ressaltou que existem problemas de logística e burocracia excessiva que impedem um avanço mais rápido do mercado interno e uma presença maior do País no mercado internacional.

Desoneração

´Os indicadores macroeconômicos melhoraram substancialmente a imagem do Brasil´, disse Humberto Barbatto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). ´Mas a microeconomia ainda tem problemas.´ Ele destacou que a desoneração do setor de informática, trazida pela Lei do Bem, com o corte do PIS e da Cofins, criou empregos e aumentou a arrecadação. ´Se desonerasse mais um pouco, o governo poderia arrecadar ainda mais.´

Barbatto se disse preocupado com algumas medidas recentes, como o veto presidencial aos benefícios da Lei da Inovação para o setor de informática, sob o argumento de que já recebe incentivos da Lei de Informática. ´A Lei de Informática existe para compensar distorções criadas pela Zona Franca de Manaus´, disse. ´Não esperávamos o veto.´ Outro tema que preocupa a Abinee é a discussão de vantagens para o Paraguai na exportação de produtos ao Brasil. ´Estão é querendo legalizar o contrabando.´





Fonte: Estadão

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