PAC inclui obras em estradas quase prontas
Poucos quilômetros distante do Palácio do Planalto, na divisa entre Goiás e o Distrito Federal, a BR-060 consta do PAC como alvo de obras de adequação de capacidade em 93 km, com investimento de R$ 22,3 milhões e conclusão prevista para este ano.
A obra foi dividida em dois trechos. O de Brasília, com 31,3 km, teve a duplicação concluída em 2006. Ficou para este ano a recuperação de 17 km. O trecho de Goiás, de 61,8 km, já teve 54 km recuperados e 36 km duplicados no ano passado.
"A coisa mais importante é a gente poder, quando terminar o mandato, comparar as coisas que aconteceram e as coisas que estão acontecendo, e fazer comparação com o que está acontecendo no Brasil", disse Lula em maio do ano passado, ao visitar as obras da BR-060.
Também em 2006, o contorno leste de Curitiba, na rodovia BR-116, teve toda a pavimentação e obras finalizadas nos seus 45 km, mas isso não foi suficiente para eliminar a obra de R$ 15,5 milhões da lista do PAC. Hoje estão em curso a pintura e a instalação de sinalização e criação de alças de acesso.
Dois trechos da BR-153 incluídos no PAC também estavam em ritmo avançado antes de Lula assumir o segundo mandato. No primeiro, estão previstas a duplicação e a restauração de 56 km na divisa entre Goiás e Minas Gerais. Cinco quilômetros foram duplicados, e outros 16 km, recuperados neste ano. Todo o restante foi feito em 2006. A obra total foi orçada em R$ 115 milhões.
O segundo trecho, de 93,7 km entre Aparecida de Goiânia e Itumbiara, recebeu um carimbo de "atenção" no balanço de cem dias do PAC, uma obra de R$ 10,7 milhões. Está em curso a licitação para obras complementares, como "travessias urbanas" e 20 km de duplicação. Até dezembro, foram recuperados 69 km e duplicados outros 39 km. Neste ano, foi feita a restauração de apenas 15 km.
Obras "estruturantes"
Segundo o secretário-executivo dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, o governo escolheu as rodovias por sua importância econômica, como eixos de ligação entre áreas produtivas e pontos de exportação. Daí a inclusão de obras em estágio avançado. "Na realidade as coisas que constam do PAC não foram colocadas por serem obras novas. Não era importante esse critério, são obras estruturantes", disse.
Para o presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Clésio Andrade, ao incluir no PAC e dar preferência a essas obras, o governo deixa outras mais importantes em segundo plano.
"A situação ideal é que o PAC fosse muito mais do que é. O investimento do programa vai ser de R$ 34 bilhões, mas sabemos que são necessários R$ 100 bilhões para o Brasil ter rodovias de Primeiro Mundo. Algumas obras deveriam ter prioridade sobre as demais", disse.
O Programa de Aceleração do Crescimento foi anunciado no dia 22 de janeiro. Cem dias depois, o governo fez um balanço oficial do andamento das obras, classificando o ritmo dos projetos como "adequado", de "atenção" ou "preocupante".
Na ocasião, o governo divulgou que 52,5% das obras estavam adequadas, o que gerou críticas. Em resposta, o presidente Lula disse que os críticos iriam "se curvar" ante os resultados do programa em 2009, quando termina seu mandato.
Nenhuma das obras rodoviárias do programa foi classificada como preocupante no balanço de cem dias do PAC, embora o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) avalie como problemático o cronograma de algumas delas, sem divulgar quais são. O Ministério dos Transportes não admite a existência hoje de entraves capazes de atrasar a entrega de estradas que constam do PAC.
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