Homem rouba frango e é condenado a 1 ano e meio de prisão

ARAÇATUBA - A história do diarista José Roberto Pereira, 36 anos, é mais um exemplo das contradições do sistema judiciário brasileiro. Enquanto criminosos de colarinho branco continuam soltos, Pereira foi condenado pela Justiça a ir para a cadeia e ainda pagar multa por ter furtado cinco galinhas de um sítio da pequena Guarani D´Oeste, a 580 quilômetros de São Paulo.

Pelo crime, cometido em outubro de 2005, Pereira foi condenado a cumprir um ano, seis meses e 20 dias de reclusão, mas por ser réu primário, vai poder recorrer em liberdade e, se condenado em instância superior, cumprir a pena em regime semi-aberto. Nesta quarta-feira, 6, ele não tinha sido intimado da pena pelo oficial de Justiça.

A advogada Cristiane Menezes Pagoto, que defende o diarista, disse que vai recorrer para tentar reduzir a punição, dada pelo juiz Heitor Katsume Miúra, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Fernandópolis. "Foi um exagero. É uma pena muito pesada para um crime de pequena proporção", disse. "Na verdade, nem houve o furto porque não houve a apreensão do produto furtado. Ele foi condenado por ter furtado cinco galinhas, mas o que encontraram foram três galinhas num sítio vizinho", comentou a advogada. "O juiz poderia ter dado uma pena alternativa", completou.

Pereira, que tem passagens pela polícia por crime eleitoral e pequenos furtos, foi detido em 12 de outubro de 2005, acusado de furtar as galinhas no sítio Santo Antônio, na zona rural de Guarani D´Oeste. Flagrado pelo proprietário, ele fugiu, deixando as galinhas e a bicicleta, que o denunciou. Pereira, que estava desempregado e sem dinheiro para comprar comida, disse que pretendia fazer uma galinhada para parentes e amigos que o visitavam.

O juiz Heitor Katsume Miura não foi trabalhar nesta quarta-feira e só volta ao fórum na segunda-feira, quando, segundo a responsável pelo cartório, prometeu falar sobre o caso com os repórteres que "comparecerem pessoalmente e com as credenciais".