Chávez agradece Lula por amizade entre países

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, agradeceu nesta quarta-feira as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o presidente venezuelano era seu "parceiro" e não um "perigo".

Chávez também elogiou o chanceler Celso Amorim e agradeceu ao apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento Sem-Terra (MST).

"Quero agradecer as declarações do presidente Lula. Tentaram tergiversar o que ele disse, mas não conseguiram. Brasil e Venezuela são países amigos e seguirão juntos", disse Chávez, durante entrevista no Palácio Miraflores.

Autoridades brasileiras e venezuelanas trocaram farpas nos últimos dias, depois que o Senado brasileiro aprovou um requerimento pedindo que Chávez autorizasse o canal de TV RCTV a voltar a funcionar.

PT e MST Chávez interpretou o pedido do Senado como um "ato grosseiro", afirmando que o Congresso é um "papagaio que repete o que diz Washington".

Durante a entrevista coletiva, o presidente venezuelano disse que estava de acordo com a afirmação de Lula, quando o presidente brasileiro afirmou que ele, Chávez e Bush deveriam, cada um, cuidar dos assuntos de seu próprio país.

"Lula tem toda razão, é assim", disse Chávez.

Chávez disse "apreciar" as declarações do chanceler Celso Amorim e do assessor de Lula, Marco Aurélio Garcia. Ambos trataram de diminuir o conflito entre os mandatários.

O presidente venezuelano também agradeceu a nota emitida na segunda-feira pelo PT e o MST. Ambos apoiaram a decisão do governo venezuelano em não renovar a concessão da RCTV.

"Queriam debate, aí está. Saiu a nota de apoio do PT, que agradeço, e a dos sem-terra. Já me informaram que no Congresso dos sem-terra, que convocaram mais de 20 mil, estão preparando alguma coisa. Vai ter debate aí também", disse Chávez em referência ao Congresso do MST que será realizado em Brasília, entre os dias 10 e 15 de junho.

"Li que no Brasil andavam perguntando quando acabava a concessão da Globo. Graças ao que está acontecendo aqui, o povo está se dando conta que esses canais trabalham com uma concessão pública que se dá a uma empresa privada por um período. Agora, todo mundo está se perguntando. Nas perguntas estão as respostas e nas respostas está a consciência", afirmou Chávez.

Rice x Maduro Ao iniciar a entrevista, o presidente venezuelano transmitiu aos jornalistas imagens do confronto verbal protagonizado pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o chanceler venezuelano, Nicolas Maduro, nesta semana, durante a 37ª reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Após o bate boca, Rice deixou a sala, antes mesmo do fim da sessão.

"Se levantou como um raio e saiu. São sinais da decadência imperial. Não conseguiram que nenhum país se prestasse ao jogo de fazer uma proposta indigna como esta. Ela mesmo teve que fazer e levar no seu rosto o fracasso da derrota moral e política. Sai vitoriosa a dignidade do mundo".

Chávez acusou os Estados Unidos de alimentar as manifestações do movimento estudantil venezuelano, que contesta com manifestações a decisão sobre a RCTV.

"Só que aqui essa explosão não vai ocorrer. Aqui, os únicos que podem causar uma explosão são as massas populares, não a oliguarquia", afirmou o presidente venezuelano.

O presidente venezuelano advertiu que vai responder pessoalmente com uma "explosão revolucionária" a qualquer tentativa de desestabilização do país.

Nesta quarta-feira, universitários realizaram uma marcha ao Ministério Público em Caracas, em protesto pelo fim da concessão do canal RCTV. BBC Brasil