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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Segunda - 04 de Junho de 2007 às 16:11

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Embora a probabilidade de autorizações saírem para dois grandes projetos hidrelétricos, depois de um atraso na concessão das licenças, seja muito grande, é possível que essas usinas não sejam suficientes para acabar com os temores de que volte a faltar energia no maior País da América Latina.

Segundo especialistas, os esforços do governo para controlar o preço da energia elétrica enquanto a demanda aumenta rapidamente vem desencorajando investimentos do setor privado na geração, em um momento em que as termelétricas existentes já enfrentam falta de gás natural.

Esse cenário fez com que o Brasil se tornasse refém das chuvas novamente, avaliaram.

Se as precipitações não forem suficientes para encher novamente os reservatórios de água, o País pode enfrentar problemas de falta de energia como os ocorridos em 2001-2002, que obrigaram o governo anterior a impor um racionamento de eletricidade.

"Se houver um problema de falta de água, então o suprimento de gás para a indústria terá de ser cortado para abastecer as usinas termelétricas ou então será preciso haver um racionamento de energia", afirmou Rafael Schechtman, do Centro de Infra-Estrutura, um grupo brasileiro de consultoria. Como resultado, a economia deve ser prejudicada. Segundo os analistas, o Brasil não conseguirá acelerar seu modesto crescimento econômico enquanto não houver uma capacidade suficiente de geração de energia.

"O governo não conseguirá gerar a tempo uma capacidade suficiente. Ele não obteve sucesso na implementação de seus projetos hidrelétricos, e isso devido principalmente aos preços", afirmou François Moreau chefe do grupo de consultoria Estratégia e Valor.

Moreau observou que os consumidores industriais regressavam ao mercado regulado por leilões, com tetos de preço fixados pelo governo, depois de os preços no mercado livre (um mercado menor) terem se elevado com a carência de gás.

"Há temores de que o governo intervenha para limitar os preços no nível dos distribuidores. A maior preocupação do setor é a inabilidade do governo em estimular investimentos", afirmou Moreau.

Preços baixos demais

O teto de preços para os contratos futuros de energia que começam a vigorar dentro de cinco anos, de 126 reais por megawatt de energia hidrelétrica e de 141 reais para a energia termelétrica, não representa uma grande mudança em relação aos leilões passados, cujos participantes consideraram os preços baixos demais para os investidores privados.

Ainda assim, Fernando Maia, diretor técnico da Associação de Distribuidores de Energia, defendeu os leilões deste ano nos moldes atuais, que considera mais benéficos para o setor.

"Não se pode olhar apenas para o limite dos preços. Alguns fatores mudaram --os termos financeiros estão melhores e os riscos para as geradoras de energia foram reduzidos."

Paul Louis Puolallion, da empresa de consultoria Sinergia e Desenvolvimento, discorda: "Não é possível subsidiar por mais tempo a energia. Um preço de 150 reais não seria caro demais. E esse preço poderia chegar a 200 reais." Ele também observou que o Brasil desperdiça uma quantidade excessiva de energia.

Os projetos do rio Madeira, em Rondônia, que aguardam um sinal verde dos órgãos ambientais, podem acrescentar 6.500 megawatts à capacidade de geração do país a partir de 2012-2013, uma cifra apenas um pouco superior àquela que o Brasil precisa criar todos os anos.

"O governo vem depositando muita fé nos projetos do rio Madeira e nas usinas nucleares, mas, além de serem polêmicos, esses projetos não resolvem de verdade o problema --há outros 6.000 megawatts em projetos hidrelétricos instalados", disse Schechtman.

Esses projetos ficaram paralisados devido a problemas ambientais e a dificuldades financeiras, tais como o baixo preço da eletricidade.





Fonte: Reuters

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