Estão abertas as inscrições para o 'Soletrando' do Caldeirão do Huck
Para participar do quadro, é preciso ter entre 12 e 16 anos e estar cursando entre o quinto e o nono anos do ensino fundamental numa escola pública. Cada escola só poderá participar da seletiva do seu estado com um aluno.
A primeira edição do "Soletrando" terminou no último sábado, com a vitória do goiano Aurélio Póvoa, de 13 anos.
Campeão do Soletrando: "Levei tudo na responsabilidade"
Na segunda-feira de manhã, Goianésia, cidade a cerca de 170 quilômetros de Goiânia, parou para receber aquele que hoje é seu morador mais ilustre: o menino Aurélio Póvoa, de 13 anos, vencedor do concurso "Soletrando", do "Caldeirão do Huck". Cerca de 2.500 pessoas, segundo os cálculos do próprio estudante, organizadas em carreata, esperavam-no na entrada da cidade quando ele finalmente chegou, por volta do meio-dia, a bordo de uma van da Rede Globo. Aurélio voltou para casa com sete computadores (seis para sua escola e um para ele), 500 livros, troféu, fardão e R$ 100 mil, que garantirão sua educação.
"Eu levei o "Soletrando" muito na responsabilidade, mesmo. Quando tem uma oportunidade dessa, a pessoa não pode levar tudo na esportiva, achar que se perder, perdeu ", diz o menino. "Foi tudo uma experiência única: ir ao Rio, ficar no hotel, participar do programa, fazer amizade com os outros participantes. No começo, eu pensava na responsabilidade de representar o meu estado inteiro. Mas, na eliminatória, comecei a pensar em mim.
Aurélio venceu o "Soletrando" no último sábado, após uma disputa de quase três meses, da qual participaram 27 estudantes de entre 12 e 16 anos, cada um representando um estado brasileiro. Na final, enfrentou o carioca Alef. O momento mais difícil, conta ele, foi quando teve que soletrar a palavra retenção.
"Fiquei um pouco mais nervoso porque dessa vez o programa era ao vivo, a gente fica mais constrangido. Mas pensei na origem da palavra e perguntei ao professor ( de português Sérgio Nogueira, jurado do concurso) se retenção tinha a ver com detenção. E ele me elogiou, disse que é assim que se aprende ( fazendo associações). E o programa é para ensinar", diz.
Foi o corpo docente da Escola Municipal Jales Machado, onde Aurélio estuda, que o incentivou a participar da pré-seleção para o "Soletrando", por seu desempenho nas aulas. Quando soube que estava entre os escolhidos, o menino tratou de estudar:
"A Gelsa ( coordenadora do colégio, que o acompanhou no "Soletrando") preparou uma lista de 3.220 palavras para mim, e eu me baseei nela. Várias dessas palavras foram soletradas no programa, mas nenhuma caiu para mim".
" Meus pais falaram que esta era uma oportunidade única, que eu tinha que aproveitar, e essas coisas que pai e mãe falam. Às vezes, pegavam no meu pé." Seus pais, um contador e uma professora, deram-lhe total apoio, conta Aurélio, e lhe perceber a importância do concurso. Mas nunca lhe fizeram pesar nos ombros a noção de que tinha na mão a chance de garantir seus estudos por toda a vida.
Foram três viagens ao Rio de Janeiro para gravar o "Soletrando", nas quais, garante, o grupo de concorrentes fez amizade. Na final, um dos momentos de maior emoção foi tocar guitarra ao lado do Titã Tony Bellotto, outro jurado do programa, e da cantora Cláudia Leite, do Babado Novo. "Faço aula de guitarra há seis meses, e pedi para tocarmos "Sweet child o' mine", do Guns 'n' Roses, que eu adoro".
No domingo, antes de voltar para Goiás, Aurélio foi conhecer o Corcovado, e deu entrevista para o "Fantástico". Nesta quarta-feira, vai a São Paulo, conversar com Jô Soares, para o "Programa do Jô", que vai ao ar hoje mesmo. Entre um compromisso e outro de quem virou celebridade instantânea, vai traçando planos para o futuro:
"Adoro computador, e acho que vou fazer faculdade de ciência da computação. Mas sou muito novo. Quem sabe quando crescer mudo de idéia e faço direito, ou coisa assim".
Com a determinação que demonstrou no "Soletrando", Aurélio tem tudo para ir longe, seja qual for a profissão que escolher.
Comentários