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Internacional
Domingo - 03 de Junho de 2007 às 16:35

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Hillary Rodham Clinton tem as qualidades essenciais de uma forte presidente, mas ela está perdendo a paixão pessoal e a autenticidade que poderiam fazer dela alguém que se destaque no cenário político dos Estados Unidos.

Esse é o quadro que surge de uma nova biografia, "A Woman in Charge: The Life of Hillary Rodham Clinton" (literalmente, "Uma Mulher no Controle: A Vida de Hillary Rodham Clinton"), de Carl Bernstein.

Bernstein e outro repórter, Bob Woodward, ficaram famosos devido à cobertura do escândalo Watergate, que levou à queda do presidente norte-americano Richard Nixon.

Entre as revelações do livro estão detalhes do caso de Bill Clinton com uma mulher no estado do Arkansas, que fez com que o ex-presidente quisesse pôr fim ao seu casamento no final da década de 1980. Segundo Bernstein, Hillary Clinton recusou a se divorciar.

O livro também fala dos profundos temores dela de ser indiciada no escândalo envolvendo o acordo sobre um terreno no Arkansas.

Boatos apetitosos aparte, o livro esboça uma trajetória que levou a ex-primeira-dama a se transformar, de uma defensora apaixonada de causas profundas a uma política insincera e sem alma.

"A chave para compreender que tipo de presidente ela pode ser é o passado, e é isso que é uma biografia", disse Bernstein. "Há muita coisa lá que pode fazer alguém votar nela e eu acho que há muita coisa lá que pode fazer alguém votar contra ela." Bernstein vê Hillary como alguém que perdeu muito das posições e da autenticidade do começo da sua carreira, que fez dela uma advogada e batalhadora entusiasmada. Atualmente, diz ele, o mandato dela no Senado dos EUA foi "dirigido pelas pesquisas e destituído de controvérsias".

"SEM ALMA"

"À medida que ela se torna cada vez mais sem alma, menos atraente ela é", disse ele. "Ela poderia ser uma presidente realmente forte? Sim, se ela puder recuperar a sua autenticidade."

"Poderia ela ser uma cativante e grande líder? Talvez. Esta é a grande questão nesta eleição", continuou.

O livro, de 628 páginas, é ao mesmo tempo crítico e simpático à ex-primeira-dama e levou oito anos para ser pesquisado e escrito. Publicado por Alfred A. Knopf, chega às livrarias dos EUA na terça-feira.

Bernstein disse que ele começou esse projeto depois do escândalo da relação de Bill Clinton com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Na época, parecia claro que Hillary Clinton se candidataria ao Senado como representante de Nova York, mas ainda faltava muito para ela tentar se tornar a primeira mulher a ocupar a presidência dos EUA. O livro chega ao mercado quando Hillary está nas manchetes dos jornais como a pré-candidata mais cotada do Partido Democrata para a eleição de 2008 para a Casa Branca.

Bernstein entrevistou mais de 200 pessoas próximas do ex-presidente e de sua mulher, particularmente Betsy Wright, que por muitos anos foi chefe da Casa Civil de Clinton no Arkansas, e Diane Blair, amiga de Hillary, que reuniu notas para um livro que ela nunca chegou a escrever. Ela morreu em 2000. O livro reúne históricas de livros escritos sobre Hillary Clinton, a própria autobiografia dela e obras críticas de inimigos políticos.

O porta-voz de Hillary, Philippe Reines, disse que o livro não passa de um amontoado de notícias velhas.

"Os norte-americanos estão interessados nos planos da senadora Clinton para melhorar a saúde, reduzir os preços da gasolina e trazer os nossos soldados de volta do Iraque —e não no projeto de um escritor de pegar histórias velhas e requentá-las para ganhar dinheiro", disse Reines.

Bernstein disse que, se pudesse fazer uma pergunta direta a Hillary Clinton —ela não colaborou com esse livro— ele lhe perguntaria por que ela se recusou a conversar com ele.

"Ela detesta a imprensa. Ora, se você não vê que a imprensa não é monolítica, então você não tem condições de tomar decisões que exigem discernimento elementar", disse ele.

"Supere isso. É isso que eu diria, porque é bobagem, imaturidade, e você é mais do que isso."




Fonte: AFPO

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