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Nacional
Domingo - 03 de Junho de 2007 às 08:12

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentou documentos que deixam dúvidas sobre a origem do dinheiro usado para o pagamento de pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem o peemedebista tem uma filha. A documentação foi divulgada pela revista "Época" que circula neste final de semana.

Segundo a revista, Renan entregou à corregedoria do Senado extratos bancários com sua movimentação financeira entre janeiro de 2003 e dezembro de 2006 para provar que tinha saldo para pagar R$ 8.000 mensais de pensão, em dinheiro.

Os extratos mostrariam, no entanto, que em apenas 6 dos 21 meses do período houve saques com valores superiores a esse valor nos dias anteriores ao pagamento à jornalista.

Para que a versão de Renan Calheiros seja verdadeira é necessário acreditar num hábito incomum: o senador teria o costume de sacar numerário em espécie e guardá-lo em casa para quando tem a necessidade de usar dinheiro vivo.

Da documentação entregue pelo presidente do Congresso constam ainda dois recibos que comprovam o recebimento, por Mônica, de duas parcelas de R$ 50 mil para a constituição de um fundo para o "desenvolvimento cultural" da menina, em maio e junho de 2006. Mas os recibos, assinados pela jornalista, não provam que o dinheiro era proveniente das contas de Renan.

Outra curiosidade: o peemedebista entregou as duas prestações em dinheiro vivo. Se a transação era legal, com recibo assinado, nada o impediria de fazer tal pagamento por meio eletrônico ou cheque.

Outro documento que consta da reportagem de "Época" é o recibo do pagamento à vista de um ano do aluguel de uma casa em Brasília pela jornalista, no valor de R$ 43.200.

Novamente, não é possível dizer que o dinheiro era realmente de Renan Calheiros.

Venda de gado

O presidente do Senado apresentou também declarações de renda e patrimônio que mostrariam um ganho de R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos com a venda de gado. Também há registro de depósitos regulares em sua conta em valores de R$ 10 mil a R$ 50 mil, mas não é possível dizer se esse dinheiro veio realmente desses ganhos agropecuários.

Já a revista "Veja" desta semana tem reportagem que exibe fac-símiles do que seriam contratos de aluguel de Mônica Veloso nos quais o fiador é o lobista Claudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.

São documentos que constam também de um dossiê apócrifo que circulou desde a metade da semana passada em Brasília --um papelório com transcrições de supostas gravações de conversas íntimas entre Renan e a jornalista.

Vítima

Na estratégia de defesa do senador estava incluída a divulgação tanto do dossiê apócrifo como dos extratos bancários de Renan --embora o político alagoano negue participação no vazamento.

O presidente do Congresso tinha a expectativa de que a divulgação do dossiê o colocaria num papel de vítima no episódio. Assessores do senador insistentemente diziam a jornalistas na semana passada que o chefe havia sido gravado por Mônica Veloso.





Fonte: Folha de S.Paulo

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