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Seis dias de guerra, 40 anos de tensão
JERUSALÉM - Nesta terça-feira, 5, Israel comemora o 40º aniversário do início da Guerra dos Seis Dias - o conflito que durou menos de uma semana e mudou o mapa geopolítico do Oriente Médio. A vitória de Israel é considerada uma das mais espetaculares da historiografia militar.
Mesmo lutando com menos soldados e contra quatro países árabes (Egito, Síria, Jordânia, Iraque), Israel conseguiu abocanhar, em apenas 130 horas de combates, a Península do Sinai e a Faixa de Gaza do Egito; a Cisjordânia e a parte oriental (árabe) de Jerusalém (administradas pela Jordânia); e as Colinas de Golan, da Síria.
Quatro décadas depois, porém, Israel ainda enfrenta problemas nas suas fronteiras, de tiroteios na Faixa de Gaza a combates no Líbano. A instabilidade na região comprova que o triunfo israelense de 1967 mostrou-se uma falsa vitória.
A tensão daqueles primeiros dias de junho dava a impressão de que Israel estava à beira da destruição. O então presidente do Egito, Gamal Abel Nasser, ameaçou abertamente Israel. Obrigou as tropas da ONU a deixar o Sinai e bloqueou os Estreitos de Tiran - acesso de Israel ao Mar Vermelho. Mas erros internos cruciais também ajudaram a desestabilizar o povo israelense. Ao convocar milhares de reservistas cedo demais, o país viu-se obrigado a agir.
O fato de o conflito ter-se encerrado em apenas seis dias trouxe alívio aos israelenses. Mas a maioria da população não compreendeu as graves conseqüências da guerra. Profundamente humilhados, Egito e Síria tentaram vingança em 1973, na Guerra do Yom Kippur. Anos depois, Egito e a Jordânia firmariam um tratado de paz com Israel, mas a Síria ainda é um vizinho imprevisível e, repetidamente, trava uma guerra indireta contra os judeus por meio do Hezbollah e do Hamas.
Israel ainda paga, no entanto, o mais alto preço hoje nos territórios palestinos. O país que tem nas suas raízes experiências amargas de 2 mil anos de perseguição acabou, de fato, subjugando outro povo. Um Exército estabelecido com a finalidade de defesa, de repente, viu-se no papel de ocupante.
Drama dos refugiados
Após a guerra, cerca de 1 milhão de árabes caíram sob o controle israelense, e cerca de 300 mil abandonaram sua terra. Para muitos palestinos foi o segundo êxodo. Na primeira guerra entre árabes e israelenses, em 1948, ao menos 700 mil palestinos deixaram a região. A maioria fugiu para a Cisjordânia ou para a Faixa de Gaza.
Em 1967, a tragédia se repetiu. A situação dos refugiados palestinos é vista como um dos principais obstáculos para paz no Oriente Médio. Políticos palestinos de todas as cores exigem o direito à volta de seus refugiados, mas muitos deles não querem mais viver em Israel.
Os assentamentos israelenses são outro obstáculo para a paz. Em 1967, não havia planos de ocupar a Cisjordânia. Hoje, 270 mil israelenses vivem em 122 assentamentos na Cisjordânia. Outros 190 mil se alojaram na região que circunda Jerusalém e a parte árabe da cidade.
A tomada maciça de terras não era a intenção original dos líderes políticos de Israel. Pelo menos no caso de David Ben-Gurion, o fundador de Israel, quando ele aceitou a divisão do território num Estado judaico e árabe, em 1947. Na opinião dos revisionistas, o Estado judaico que estava sendo estabelecido deveria ter começado na Península do Sinai, incluído grandes partes do Líbano e acabar na extremidade ao leste do Rio Jordão.
Assentamentos
Os assentamentos foram criados praticamente à revelia das autoridades. O primeiro deles surgiu em 1970, em Hebron. Quando o Likud, partido de direita, chegou ao poder, em 1977, construir assentamentos tornou-se uma diretriz oficial. Em 1967, cerca de 2,4 milhões de judeus e 1,2 milhão de árabes viviam na região entre o Mediterrâneo e a Jordânia, que os colonos chamam de Eretz Israel (“Grande Israel”). Como têm uma taxa de natalidade mais alta, hoje os palestinos quase compensaram a diferença. Hoje, existem 5 milhões de árabes e 5,3 milhões de judeus vivendo no território sob controle israelense.
Em Israel - excluídos os territórios ocupados - há cinco judeus para cada árabe. Para manter essa proporção levando-se em conta as regiões ocupadas em 1967, 16 milhões de judeus teriam de emigrar para Israel. “Isso é mais do que a população de judeus no mundo inteiro”, diz Shaul Arieli, de 48 anos, coronel da reserva do Exército.
Arieli se transformou num especialista no muro de separação, ou cerca de segurança, que Israel constrói na Cisjordânia. Com moradores de vilarejos palestinos que, de repente, se viram do lado israelense do muro, ele já protocolou várias ações na Suprema Corte de Israel - e tem tido sucesso.
O traçado do muro planejado originalmente incluiria 20% da Cisjordânia, mas graças à Suprema Corte, essa porcentagem caiu para 8%. Arieli prevê que, no final, apenas uma pequena porcentagem permanecerá. Então os palestinos finalmente poderão estabelecer seu próprio Estado. “Somente quando isso acontecer teremos verdadeiramente vencido a guerra de 1967”, diz.
Mesmo lutando com menos soldados e contra quatro países árabes (Egito, Síria, Jordânia, Iraque), Israel conseguiu abocanhar, em apenas 130 horas de combates, a Península do Sinai e a Faixa de Gaza do Egito; a Cisjordânia e a parte oriental (árabe) de Jerusalém (administradas pela Jordânia); e as Colinas de Golan, da Síria.
Quatro décadas depois, porém, Israel ainda enfrenta problemas nas suas fronteiras, de tiroteios na Faixa de Gaza a combates no Líbano. A instabilidade na região comprova que o triunfo israelense de 1967 mostrou-se uma falsa vitória.
A tensão daqueles primeiros dias de junho dava a impressão de que Israel estava à beira da destruição. O então presidente do Egito, Gamal Abel Nasser, ameaçou abertamente Israel. Obrigou as tropas da ONU a deixar o Sinai e bloqueou os Estreitos de Tiran - acesso de Israel ao Mar Vermelho. Mas erros internos cruciais também ajudaram a desestabilizar o povo israelense. Ao convocar milhares de reservistas cedo demais, o país viu-se obrigado a agir.
O fato de o conflito ter-se encerrado em apenas seis dias trouxe alívio aos israelenses. Mas a maioria da população não compreendeu as graves conseqüências da guerra. Profundamente humilhados, Egito e Síria tentaram vingança em 1973, na Guerra do Yom Kippur. Anos depois, Egito e a Jordânia firmariam um tratado de paz com Israel, mas a Síria ainda é um vizinho imprevisível e, repetidamente, trava uma guerra indireta contra os judeus por meio do Hezbollah e do Hamas.
Israel ainda paga, no entanto, o mais alto preço hoje nos territórios palestinos. O país que tem nas suas raízes experiências amargas de 2 mil anos de perseguição acabou, de fato, subjugando outro povo. Um Exército estabelecido com a finalidade de defesa, de repente, viu-se no papel de ocupante.
Drama dos refugiados
Após a guerra, cerca de 1 milhão de árabes caíram sob o controle israelense, e cerca de 300 mil abandonaram sua terra. Para muitos palestinos foi o segundo êxodo. Na primeira guerra entre árabes e israelenses, em 1948, ao menos 700 mil palestinos deixaram a região. A maioria fugiu para a Cisjordânia ou para a Faixa de Gaza.
Em 1967, a tragédia se repetiu. A situação dos refugiados palestinos é vista como um dos principais obstáculos para paz no Oriente Médio. Políticos palestinos de todas as cores exigem o direito à volta de seus refugiados, mas muitos deles não querem mais viver em Israel.
Os assentamentos israelenses são outro obstáculo para a paz. Em 1967, não havia planos de ocupar a Cisjordânia. Hoje, 270 mil israelenses vivem em 122 assentamentos na Cisjordânia. Outros 190 mil se alojaram na região que circunda Jerusalém e a parte árabe da cidade.
A tomada maciça de terras não era a intenção original dos líderes políticos de Israel. Pelo menos no caso de David Ben-Gurion, o fundador de Israel, quando ele aceitou a divisão do território num Estado judaico e árabe, em 1947. Na opinião dos revisionistas, o Estado judaico que estava sendo estabelecido deveria ter começado na Península do Sinai, incluído grandes partes do Líbano e acabar na extremidade ao leste do Rio Jordão.
Assentamentos
Os assentamentos foram criados praticamente à revelia das autoridades. O primeiro deles surgiu em 1970, em Hebron. Quando o Likud, partido de direita, chegou ao poder, em 1977, construir assentamentos tornou-se uma diretriz oficial. Em 1967, cerca de 2,4 milhões de judeus e 1,2 milhão de árabes viviam na região entre o Mediterrâneo e a Jordânia, que os colonos chamam de Eretz Israel (“Grande Israel”). Como têm uma taxa de natalidade mais alta, hoje os palestinos quase compensaram a diferença. Hoje, existem 5 milhões de árabes e 5,3 milhões de judeus vivendo no território sob controle israelense.
Em Israel - excluídos os territórios ocupados - há cinco judeus para cada árabe. Para manter essa proporção levando-se em conta as regiões ocupadas em 1967, 16 milhões de judeus teriam de emigrar para Israel. “Isso é mais do que a população de judeus no mundo inteiro”, diz Shaul Arieli, de 48 anos, coronel da reserva do Exército.
Arieli se transformou num especialista no muro de separação, ou cerca de segurança, que Israel constrói na Cisjordânia. Com moradores de vilarejos palestinos que, de repente, se viram do lado israelense do muro, ele já protocolou várias ações na Suprema Corte de Israel - e tem tido sucesso.
O traçado do muro planejado originalmente incluiria 20% da Cisjordânia, mas graças à Suprema Corte, essa porcentagem caiu para 8%. Arieli prevê que, no final, apenas uma pequena porcentagem permanecerá. Então os palestinos finalmente poderão estabelecer seu próprio Estado. “Somente quando isso acontecer teremos verdadeiramente vencido a guerra de 1967”, diz.
Fonte:
Estadão
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/223916/visualizar/
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