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Internacional
Sábado - 02 de Junho de 2007 às 19:02

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Um estudo divulgado neste sábado revelou que são realizados entre 460 mil e 600 mil abortos na Argentina ao ano, o que indica que ocorre quase uma interrupção voluntária da gravidez por cada nascimento registrado no país.

Cada mulher pratica, na média, duas interrupções voluntárias da gravidez ao longo da vida, segundo o relatório encomendado pelo Ministério da Saúde argentino a uma equipe liderada por especialistas do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas e da Universidade de Buenos Aires.

A pesquisa foi publicada hoje pelo jornal "Página 12", dias após cerca de 250 organizações de mulheres apresentarem no Parlamento um projeto destinado a descriminalizar o aborto no país, por ocasião do Dia Internacional da Ação pela Saúde da Mulher.

"É um grande avanço. Agora há um número com base científica. Não é mais uma apreciação fortuita", afirmou a médica Zulema Palma, integrante da Campanha Nacional pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito, o grupo que na segunda-feira apresentou o projeto no Congresso.

O estudo concluiu também que, para cada mulher que chega com hemorragia ou infecção a um hospital após um aborto, há outras sete que não procuram ajuda médica, principalmente porque a interrupção foi feita de forma mais segura e com menor risco.

O relatório "Estimativa da magnitude do aborto induzido na Argentina" sustenta que a prática do aborto assistida por profissionais médicos "é considerada segura".

"A percepção dos entrevistados indica que atualmente a prática do aborto induzido parece ser realizada em um contexto de maior segurança que no passado, sobretudo para as mulheres de camadas médias e altas, apesar de sua ilegalidade", afirma o estudo.

A pesquisa indica que a taxa de abortos para cada mil mulheres seria de 60.

Metodologia

Os pesquisadores recorreram a métodos indiretos e à realização de entrevistas com médicos, integrantes de organizações de mulheres e chefes de programas de Saúde Reprodutiva.

"Foi usada a melhor metodologia do mundo disponível, com as restrições que tem pelos parâmetros que devem ser medidos", ressaltaram fontes vinculadas à pesquisa.

O aborto é crime pelas leis argentinas, salvo nos casos em que a vida ou a saúde da mãe corra risco ou quando a gravidez seja o resultado do estupro de uma mulher mentalmente incapacitada.

O projeto apresentado na segunda-feira no Parlamento quer que toda mulher tenha o direito de decidir a interrupção voluntária de sua gravidez nas primeiras doze semanas do processo de gestação e que possa concretizar esta decisão gratuitamente através dos serviços do sistema de saúde.

A apresentação do projeto foi complementada com manifestações nas principais cidades do país, nas quais as mulheres e organizações que o apóiam indicaram que se trata de uma "reivindicação inadiável".

O ministro da Saúde argentino, Ginés González García, se pronunciou várias vezes em favor da descriminalização do aborto, postura que foi duramente questionada pela Igreja Católica local.





Fonte: EFE

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