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Zodíaco, a busca por um serial killer num ótimo thriller
SÃO PAULO - O que é um serial killer? Alguém obcecado, que mata por algum tipo estranho de prazer ou compulsão e, reza a lenda, só pode ser apanhado depois que se descobre a regra geral que ordena os seus crimes. O serial é um obsessivo; aqueles que o perseguem também costumam ser. Zodíaco é a história dessas obsessões cruzadas.
O filme, dirigido por David Fincher (de Seven - Os Sete Pecados Capitais e Clube da Luta), baseia-se na história real do assassino em série que atuava em São Francisco a partir de 1968. O criminoso exibia uma particularidade. Depois do primeiro crime, passou a enviar cartas aos jornais com códigos enigmáticos que, garantia, se decifrados levariam à sua identidade. Seus primeiros contatos foram feitos com o San Francisco Chronicle e encontraram terreno fértil na imaginação do cartunista político Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal). Quando todos desistirem, será ele quem irá seguir todas as pistas, destruir sua vida pessoal e perseguir, obstinadamente, um criminoso que se parece cada vez mais com uma sombra fugidia.
Alguns censuraram o filme de Fincher achando excessiva a duração (158 minutos). Ora, o tempo, no cinema e em outras partes, é psicológico. Um filme chato parece demorar horas intermináveis. Zodíaco passa rápido, como se durasse a hora e meia tradicional. Talvez muito dessa sensação de rapidez venha da trama bem montada, com seu enigma perseguido por personagens obstinados, cada pista camuflando e desdizendo a pista anterior. Um ótimo thriller.
Apenas isso? Não. Muito do seu interesse tem a ver com a maneira como Fincher o dirige: de forma enxuta, utilizando a seu favor o tempo do filme, sem chantagear o espectador e transformando a história no suspense de tirar o fôlego que ela merece ser. Há verdadeira tensão na maneira como os assassinatos são cometidos. Há senso de clima, de expectativa, de medo, e essas são as qualidades desse cinema de gênero.
Paixão
Além disso, a história se sustenta no aspecto humano, ou talvez seria melhor dizer, na paixão humana pelo conhecimento, que vai além do mero dever profissional, ou humanitário, de encontrar e deter um criminoso e impedir que ele continue a fazer vítimas inocentes.
Essa paixão, às vezes enlouquecida, pelo saber é que parece mover essas figuras, em particular Graysmith, que depois escreverá um livro relatando com minúcia os crimes e a sua investigação. (O livro de Graysmith está sendo lançado no Brasil pela editora Novo Conceito).
Zodíaco contém o encanto das causas perdidas, das buscas impossíveis e infrutíferas. A partir de determinado momento, parece que nem mesmo a obstinação de asno de Graysmith será capaz de colocar à luz um enigma que teima em persistir. E daí se vê a dimensão da armadilha posta pelo assassino. Ao colocar-se a si mesmo como um trágico problema a ser resolvido, ele consegue destruir vidas ao seu redor, e não apenas aquelas de suas vítimas fatais.
Zodíaco (Zodiac, EUA/2007, 158 min.) - Policial. Dir. David Fincher. 16 anos. Cotação: Ótimo
O filme, dirigido por David Fincher (de Seven - Os Sete Pecados Capitais e Clube da Luta), baseia-se na história real do assassino em série que atuava em São Francisco a partir de 1968. O criminoso exibia uma particularidade. Depois do primeiro crime, passou a enviar cartas aos jornais com códigos enigmáticos que, garantia, se decifrados levariam à sua identidade. Seus primeiros contatos foram feitos com o San Francisco Chronicle e encontraram terreno fértil na imaginação do cartunista político Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal). Quando todos desistirem, será ele quem irá seguir todas as pistas, destruir sua vida pessoal e perseguir, obstinadamente, um criminoso que se parece cada vez mais com uma sombra fugidia.
Alguns censuraram o filme de Fincher achando excessiva a duração (158 minutos). Ora, o tempo, no cinema e em outras partes, é psicológico. Um filme chato parece demorar horas intermináveis. Zodíaco passa rápido, como se durasse a hora e meia tradicional. Talvez muito dessa sensação de rapidez venha da trama bem montada, com seu enigma perseguido por personagens obstinados, cada pista camuflando e desdizendo a pista anterior. Um ótimo thriller.
Apenas isso? Não. Muito do seu interesse tem a ver com a maneira como Fincher o dirige: de forma enxuta, utilizando a seu favor o tempo do filme, sem chantagear o espectador e transformando a história no suspense de tirar o fôlego que ela merece ser. Há verdadeira tensão na maneira como os assassinatos são cometidos. Há senso de clima, de expectativa, de medo, e essas são as qualidades desse cinema de gênero.
Paixão
Além disso, a história se sustenta no aspecto humano, ou talvez seria melhor dizer, na paixão humana pelo conhecimento, que vai além do mero dever profissional, ou humanitário, de encontrar e deter um criminoso e impedir que ele continue a fazer vítimas inocentes.
Essa paixão, às vezes enlouquecida, pelo saber é que parece mover essas figuras, em particular Graysmith, que depois escreverá um livro relatando com minúcia os crimes e a sua investigação. (O livro de Graysmith está sendo lançado no Brasil pela editora Novo Conceito).
Zodíaco contém o encanto das causas perdidas, das buscas impossíveis e infrutíferas. A partir de determinado momento, parece que nem mesmo a obstinação de asno de Graysmith será capaz de colocar à luz um enigma que teima em persistir. E daí se vê a dimensão da armadilha posta pelo assassino. Ao colocar-se a si mesmo como um trágico problema a ser resolvido, ele consegue destruir vidas ao seu redor, e não apenas aquelas de suas vítimas fatais.
Zodíaco (Zodiac, EUA/2007, 158 min.) - Policial. Dir. David Fincher. 16 anos. Cotação: Ótimo
Fonte:
Estadão
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/224339/visualizar/
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