MT fica fora de investimentos nacionais

O Brasil vai receber nos próximos cinco anos investimentos de US$ 14 bilhões para implantação de 86 novas usinas de álcool. Outros US$ 3 bilhões serão investidos em unidades já existentes. Nada desses recursos virá para Mato Grosso. Tudo será concentrado nos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Três fatores básicos têm deixado o Estado à margem desse desenvolvimento. Apesar de ter um dos maiores potenciais produtores do país, Mato Grosso não tem infra-estrutura logística adequada, faltam incentivos fiscais, e ainda está amarrado pela questão ambiental. O setor da indústria sucroalcooleira do Estado está preocupado com a situação e quer providências do governo.

Ontem, a pedido do presidente da Comissão de Indústria, Comércio e Turismo da Assembléia Legislativa, deputado Otaviano Pivetta, o governador Blairo Maggi recebeu em audiência representantes do setor para discutir ações que possa destravar essa indústria em Mato Grosso. O presidente do Sindicato da Indústria Sucroalcooleira (Sindalcool), Piero Parini, saiu otimista da reunião. Para ele, o governo tem interesse em ajudar no desenvolvimento da área, mas não ficou definido nada especificamente. O setor vai iniciar um estudo que determine exatamente todas as medidas necessárias para que o Estado passe a ser atraente para os investidores. "Existe um boom da agroenergia no mundo. Estamos acompanhando o processo de crescimento do setor em nível nacional. Alguns bilhões de dólares estão sendo investidos e Mato Grosso tem fazer parte disso".

Otimista, Parini espera que as soluções comecem a aparecer em um período máximo de três meses. Ele lembra que enquanto o setor está brigando para destravar o desenvolvimento, Mato Grosso perde investimentos para outros Estados. Além das ações nas áreas de logística, meio ambiente e fiscal, o industrial destaca ainda a importância de pleitear em Brasília um ramal de qualquer um dos dois alcooldutos que já foram anunciados pela Petrobras. Um vai ligar o Paraná ao Mato Grosso do Sul. Outro sairá de São Paulo para Goiás. Por enquanto, os planos da Petrobras não incluem Mato Grosso, mas Parini frisa que o projeto global do alcoolduto Paraná/Campo Grande inclui um ramal ao Estado. De acordo com ele, é preciso ter garantia dessa obra para atrair novos investidores.