Mãe deixa recém-nascida em igreja, na Capital
O bebê está no Lar da Criança e passa bem, segundo o conselheiro Delvi Lins. No dia do acontecimento, a mãe, que tem 39 anos e é merendeira de uma escola municipal de Várzea Grande, recebeu alta às 18 horas, pegou a menina e foi para a igreja, que fica a cerca de 40 metros do Hospital Geral Universitário (HGU), onde estava internada.
Ao chegar ao local, deixou a filha no berçário e disse que iria assistir ao culto, que começaria às 19 horas. A funcionária que cuida do setor desconfiou do comportamento da mulher, que estaria inquieta e aparentemente perturbada. “Ela pensou até mesmo que talvez a criança tivesse sido roubada”, relatou Lins.
A menina estava sem roupas e enrolada em um lençol do HGU, pista que possibilitou encontrar a mãe do bebê pelos prontuários da unidade hospitalar, depois que ela desapareceu do templo. “No hospital, nos informaram que duas mães haviam recebido alta no dia anterior, sendo que uma delas havia se evadido do local sem que a criança fosse liberada”, disse o conselheiro.
Após obter as informações, a equipe do Conselho Tutelar foi até a casa da mulher. Ela relatou aos conselheiros que durante a gravidez, o marido, que é militar do Corpo de Bombeiros, a pressionava e a ameaçava dizendo que teria de “se virar” para cuidar do bebê, pois o casal estaria passando por pequenas dificuldades financeiras e já tinha dois filhos, um menino de nove anos e uma menina de seis.
Os pais foram encaminhados para o Conselho Tutelar. O pai do bebê admitiu que, quando ficou sabendo da gestação, o casal começou a se desentender. Contudo, ele afirmou que em momento algum disse para ela abandonar a menina. “Quem cuida de dois, cuida de três”, disse o bombeiro de 39 anos, referindo-se aos filhos. No dia do parto, no domingo, ele visitou a esposa no HGU, com quem vive há 12 anos.
Na ocasião, tirou fotos com a menina. Ao ser questionado se não achou estranho a mulher chegar em casa sem a criança, ele afirmou que fora informado que o bebê teria falecido com paradas cardíacas e que o próprio hospital se encarregaria de fazer o enterro. “A mulher se viu desemparada e possivelmente essa situação a levou a abandonar a filha”, disse o conselheiro. O pai afirmou que quer a criança.
O promotor da Infância e Juventude, José Antônio Borges, informou que até sexta-feira deverá ficar pronto o exame psicossocial dos pais e, caso o resultado seja favorável a eles, terão a guarda do bebê de volta. “Ela parece ser uma super mãe. O que parece é só que ficou sensibilizada com a gravidez”, avaliou Borges. Esse é o segundo caso de abandono este mês em Cuiabá, mas a mãe do outro bebê ainda não apareceu.
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