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Nacional
Terça - 29 de Maio de 2007 às 19:12

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RIO - Às vésperas de a ocupação da PM no Complexo do Alemão completar um mês, o governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB), afirmou que o trabalho da polícia continuará no local "por tempo indeterminado". Cabral fez elogios à polícia e disse que seu governo planeja várias outras ações na região contra o domínio do tráfico de drogas. "Só há troca de tiros porque os bandidos estão muito municiados, têm armas muito poderosas. Mas nós vamos ganhar essa luta".

As operações em busca de traficantes, armas e drogas no Complexo do Alemão completam nesta quarta-feira, 30 dias. Na terça-feira, duas pessoas ficaram feridas e dois homens foram detidos. Na madrugada, por volta de 3 horas, um carro blindado do Batalhão de Choque, o "Caveirão", enguiçou na Rua Cajá, um dos acessos à Favela da Chatuba, onde serviu como alvo dos traficantes por sete horas e foi resgatado apenas com o auxílio de cinco outros blindados que arrastaram o veículo avariado por 1 km.

O comércio nos arredores e no interior das favelas funcionou normalmente, mas as escolas e creches no interior das comunidades permanecem fechadas. A coleta de lixo foi normalizada em algumas favelas do Complexo do Alemão.

Os moradores adaptaram suas rotinas às incursões da Polícia Militar que entra na favela apenas com o "caveirão" e sequer saem do carro blindado de onde trocam tiros com os traficantes posicionados nas áreas altas das favelas. "Esperamos alguns minutos depois do "caveirão" passar ou ligamos para casa antes para saber se está tudo tranqüilo. É um inferno, mas temos que tocar a vida", disse um empregada doméstica, moradora da Favela da Grota.

Após a visita do Ministério Público a Vila Cruzeiro e a reunião de lideranças com a cúpula da Segurança Pública, a sensação é de abandono. "Minha preocupação é com a geração de crianças que vão crescer traumatizadas com estes eventos, por isso acho que para as autoridades pouco importa se morrem 5 ou 50", disse o presidente da Associação de Moradores da Vila Cruzeiro, Antônio Tibúrcio, de 36 anos.

Polêmica em torno da estratégia

Do outro lado, policiais que passam dia e noite em incursões ainda não entenderam a estratégia adotada pelos comandantes. "Isso aqui é enxugar gelo. Os bandidos já deve ter escapado há tempo. Só ficaram os buchas (criminosos sem maior importância", disse um soldado que vigiava um dos acessos ao Alemão.

As vítimas do confronto, que já matou 17 pessoas e feriu mais de 60, eram moradores. Thiago Roberto Conceição Gonçalves, de 23 anos, foi atingido com um tiro no tórax na favela Furquim Mendes pela manhã. À tarde, César Duarte Silva, de 35 anos, foi ferido com um tiro na região lombar na Vila Cruzeiro.

Um pouco mais tarde dois homens foram detidos em uma localidade conhecida como Quatro Bicas, na Vila Cruzeiro, e encaminhados para a 22ª DP. Dois carros Mercedes Bens Classe A foram apreendidos. Quatro vítimas permanecem internadas no Hospital Getúlio Vargas.




Fonte: Estadão

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