Preços do álcool devem cair ainda mais
Mas do ponto de vista do mercado de álcool esse dado não é tão positivo assim. O problema é que na entressafra acontece o inverso. Os preços disparam, o consumidor não entende, o consumo cai - os carros são flex - e o produtor convive sempre com uma situação de incerteza. Alguns já começam a reclamar que o preço atual não cobre os custos. Esperam que haja recuparação pelas próprias forças de mercado. Cai o preço, o consumo aumenta e, pelo equilíbrio maior entre oferta e demanda, o valor no atacado acaba subindo. Sendo que neste ano há um reforço na baixa. A cotação do açúcar no mercado internacional também está em queda. Tanto que, pela primeira vez mais cana será destinada à produção do álcool do que do açúcar.
Essas oscilações bruscas de preços não são benéficas do ponto de vista das decisões de investimento e atrapalham até a consolidação do álcool como uma alternativa segura de combustível. É importante que o mercado, o setor sucroalcooleiro e o governo desenvolvam mecanismos que garantam maior estabilidade de preços, como a negociação de contratos, transações no mercado futuro, a participação de fundos de investimentos.
Enfim, enquanto o álcool for negociado apenas à vista, com base na produção, a volatilidade acentuada dos preços vai continuar. O álcool depende da safra, mas, até pela importância crescente que deve ter em todo o mundo, não pode continuar sujeito à variações de preços, como acontece com o tomate o alface nas feiras.
O próprio presidente Lula já falou da necessidade de o álcool se transformar numa commodity. Commodities também têm oscilações de preços, mas a instabilidade pode ser reduzida em relação ao quadro atual. Outras forças de mercado entram em ação. O álcool abre uma janela de oportunidade enorme para o Brasil. O País precisa saber aproveitar. E isso começa em casa.
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