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Nacional
Segunda - 28 de Maio de 2007 às 15:13

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SÃO PAULO - A situação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), fica cada vez mais complicada. O senador é citado em gravações da Polícia Federal feitas durante as investigações da Operação Navalha, acusado de ter despesas pagas por um lobista e suspeito de usar "laranjas" para ocultar bens. Para se defender, Renan fala nesta segunda-feira, 28, no Senado. Ele ainda corre o risco de ir a julgamento no Conselho de Ética.

A repercussão do pronunciamento entre os senadores pode definir os desdobramentos do caso, que envolve um dos mais importantes aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Renan disse a assessores ter provas para "rebater as acusações, uma por uma".

Lula também saiu em defesa do senador no programa Café com o Presidente desta segunda-feira: "Renan é inocente, até prova em contrário". O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), seguiu a mesma linha de Lula, mas ponderou que o senador "deve explicações à sociedade". Já o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), classificou como graves as denúncias e aguarda a defesa de Renan.

Veja abaixo as acusações contra o presidente do Senado:

Operação Navalha - As conversas gravadas pela PF apontam que o ex-secretário de Infra-estrutura de Alagoas, Adeílson Teixeira Bezerra, junto com outros acusados de integrar o esquema de fraudes em licitações de obras, articulavam para que Renan pressionasse a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a liberar recursos para obras fraudadas.

Em conversa com Enéas Alencastro, representante do governo de Alagoas em Brasília, Adeílson diz que se encontrou no dia anterior com Renan e afirma que o senador pediu para que ele conversasse com o governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB).

Adeílson e Enéas tratam sobre uma obra que deve ser licitada para o Estado, mas que pode ser compartilhada com municípios. Os dois citam Marco - não identificado - para "brigar para ir tudo pro Estado". Adeílson então diz que se encontrou no dia anterior com "ele (Marco), Olavo (deputado Olavo Calheiros, do PMDB, irmão de Renan) e com Vanderlei para conversar sobre esses problemas".

Enéas responde então que é para "tocar a parte da gente, e se depois Renan decidir com Dilma, com quem for, decidir que a prefeitura entra, nós estamos habilitados e aí a gente senta com eles em pé de igualdade, não senta na mão deles".

"Na sexta-feira, tive uma conversa muito boa com o governador. Essa semana a gente deixa a inadimplência de lado", diz Enéas. Para concluir a conversa, Adeílson diz: "O senador me pediu para gente sentar, nós dois, evidentemente levar isso ao governador, e ver o que acrescenta nas obras estruturantes pra botar logo no PAC (Programa de Aceleração de Crescimento)".

Relação com lobista - A revista Veja publicou na última sexta-feira que de janeiro de 2004 a dezembro do ano passado o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, teria pago pensão mensal de R$ 12 mil para uma filha de três anos que o senador tem com a jornalista Mônica Veloso.

Renan argumenta que o dinheiro da pensão vem de rendimento de atividades agropecuárias, que recebeu uma herança. Renan dirá ainda no pronunciamento que pediu a Cláudio Gontijo para fazer os pagamentos porque desejava "manter discrição sobre o caso", segundo a assessoria.

"É intolerável que, de uma turbulência circunscrita à minha mais íntima privacidade, se queira extrair ilações desarrazoadas e conclusões perversas", acrescentou Renan em nota oficial distribuída na sexta. O processo de reconhecimento de paternidade vinha sendo conduzido na Vara de Família do Distrito Federal, sob segredo de Justiça.

"Laranjas" - Já o jornal O Globo diz que Renan e seu irmão Olavo são acusados de ocultar que são donos de propriedades rurais na região de Murici, Alagoas. Dimário Cavalcante, primo de Renan, alega que vendeu ao senador a Fazenda Novo Largo, que não consta da declaração de bens entregue pelo senador à Justiça Eleitoral. A suspeita é de que Renan use "laranjas" para esconder ser donos de fazendas em Alagoas.

Dimário, segundo O Globo, teria procurado o Ministério Público para denunciar o senador em 2005 depois de ter descoberto que, pelo menos em documentos públicos, aparecia como dono de uma fazenda em Murici sem nunca ter adquirido a propriedade.

Segundo ele, seu nome foi usado para que a família Calheiros recebesse indenizações milionárias do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), dentro do plano de recuperação ambiental da região, na Estação de Murici, que pertence à Mata Atlântica. As suspeitas de fraude interromperam o processo.





Fonte: Estadão

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