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Internacional
Domingo - 27 de Maio de 2007 às 11:36
Por: Bruno Tavares

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SÃO PAULO - O Comando da Aeronáutica vai inaugurar, até o fim de 2008, um novo centro de controle do espaço aéreo. Será o quinto do País, ao lado de Brasília (Cindacta-1), Curitiba (Cindacta-2), Recife (Cindacta-3) e Manaus (Cindacta-4), mas o único com jurisdição sobre uma área que não faz parte do território nacional. Batizada de ACC Atlântico, a unidade ficará responsável por monitorar exclusivamente as rotas sobre o oceano - a maioria ligando Brasil e Europa.

A principal novidade, no entanto, estará no campo tecnológico. O novo centro de controle será o primeiro da América Latina a adotar o conceito CNS/ATM (sigla em inglês para Comunicações, Navegação, Vigilância e Gestão de Tráfego Aéreo). Isso significa que o gerenciamento dos vôos passará a ser feito por satélites.

Desde a década de 70, a base da aviação - civil ou militar - está em freqüências de rádio e no auxílio de radares. Por absoluta impossibilidade técnica, uma vez que os equipamentos de comunicação têm de ser posicionados em solo, os oceanos sempre foram considerados zonas cegas para as autoridades aeronáuticas. "O satélite vai eliminar de vez essa dificuldade", afirma um oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), que pediu anonimato.

Esse, porém, é só um dos atrativos do CNS/ATM. À medida que for disseminado - cronogramas internacionais prevêem o uso de satélites em larga escala até 2020 -, o sistema tornará as viagens aéreas dez vezes mais seguras e deve revolucionar os conceitos de pontualidade e regularidade, esquecidos por muitos brasileiros após os vários capítulos da crise aérea.

A decisão do Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea) de equipar o ACC Atlântico com o que existe de mais moderno levou em conta aspectos técnicos e práticos. Para que a comunicação via satélite seja possível, é preciso que haja compatibilidade com os sistemas instalados nas aeronaves. "A maioria dos aviões usados em viagens intercontinentais tem saído de fábrica com esses itens”, disse o oficial. "É importante que a aviação nacional acompanhe esse desenvolvimento e tenha as mesmas condições dos outros países de oferecer os serviços."

Controladores e fluxo

Outro ponto analisado pelos militares foi o fluxo de tráfego aéreo na região. Como o CNS/ATM terá caráter experimental, a FAB tomou o cuidado de não sobrecarregar os controladores que estarão envolvidos na atividade. Embora a navegação por satélite permita separações mínimas entre as aeronaves, já está decidido que, inicialmente, os parâmetros convencionais serão mantidos.

Ainda não está definido quantos controladores serão treinados para operar o sistema. Já é certo, no entanto, que o ACC Atlântico funcionará em uma sala anexa ao Cindacta-3, no Recife.

"As mudanças físicas serão poucas, uma vez que já temos dentro do centro Recife alguns consoles encarregados de acompanhar as rotas oceânicas", esclarece o oficial da FAB.

Criada em setembro 2001, a Região de Informação de Vôo do Atlântico (FIR Atlântico) é hoje controlada de forma parcial por equipamentos dos Cindactas 1, 2 e 3, direcionados para o oceano. O alcance dos radares, porém, é limitado, restando como única alternativa os sistemas de radiocomunicação.

Aluguel

Como o Brasil ainda não concluiu a construção de seu satélite geoestacionário - aquele que mantém a mesma posição em relação a um ponto na Terra -, o Decea terá de pagar pelo uso de um equipamento que já está em órbita.

Oficiais da FAB não informam qual o valor do aluguel. Mas uma projeção feita por técnicos de mercado mostra que, em 15 anos, o custo será de R$ 415 milhões - equivalente ao que teria de ser desembolsado pelo governo federal para lançar o satélite nacional.

O software de monitoramento dos aviões também está sendo desenvolvido. Desde 2004, a FAB mantém um protótipo do CNS/ATM em funcionamento no Cindacta-3. Os testes iniciais, feitos com três aviões da TAM e dois da Varig, foram considerados satisfatórios.





Fonte: Estadão

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