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Para evitar PM, alunos da USP aceitam diálogo com governo Serra
Após 21 dias de ocupação da sede da reitoria e diante da ameaça de serem retirados à força pela tropa de choque da Polícia Militar, os estudantes da USP aceitaram conversar nesta quinta-feira com o secretário estadual de Justiça, Luiz Antonio Marrey, representante do governador José Serra (PSDB), por sua vez o principal alvo das críticas dos uspianos.
"Até agora as discussões estavam muito entre a reitora e os estudantes. Agora é uma questão de Estado, para que a gente tenha um desfecho sem a necessidade da tropa de choque", disse Ariel de Castro Alves, secretário-geral do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, que intermediou a reunião.
"A postura da reitoria nos levou a isso", lamenta Bruno, que, assim como muitos alunos que ocuparam a reitoria, evita dar seu sobrenome, com temor de um processo judicial pelo não cumprimento da decisão de reintegração de posse. A medida foi dada pela Justiça em 16 de maio, após pedido da reitoria. Os funcionários tentaram um adiamento, que foi negado nesta manhã pela Justiça.
As negociações com a reitora da Universidade de São Paulo (USP), Suely Vilela, vinham conferindo autonomia ao caso, princípio que é a bandeira de estudantes, funcionários e professores do campus. Todos em greve, eles se uniram na tentativa de revogar decretos do governador que, segundo a comunidade, ferem a autonomia das três universidades estaduais.
BARRICADA E FOTO DE SERRA
"USP Livre, Pública e Autônoma", é uma das faixas afixadas na fachada da reitoria. Em frente, uma barricada meio mambembe é formada por pneus velhos e várias cópias de uma fotografia de Serra segurando um rifle. Feitas em papel sulfite, são trocadas quando ficam velhas, amassadas.
A animação do local é dada pelos discursos e pela música de um caminhão de som do sindicato dos funcionários, onde estudante não sobe. "Nós não estamos aqui para destruir", diz um dos sindicalistas, esquentando os trabalhos. Ao meio-dia, com grande adesão, os servidores fazem assembléia e votam pela continuidade da greve iniciada em 16 de maio. Depois, dão um abraço simbólico no edifício.
Decisão tomada, o carro de som maior vai embora e é substituído por um menor que já vem de longe entoando o tradicional lema da resistência popular: "Para Não Dizer que Não Falei das Flores" (Caminhando e Cantando), de Geraldo Vandré.
Pouco depois, um grupo de estudantes deixa o interior da reitoria para entoar uma poesia de Bertold Brecht musicada por eles mesmos. "Nossos inimigos dizem: a luta terminou. Mas nós dizemos: ela mal começou", diz um trecho. O canto se junta ao som de uma flauta doce, um violão e um pandeiro.
Apesar da aparente tranquilidade, João Paulo, um dos alunos invasores, diz que "está puxado". "Mas é valido para divulgar os decretos de Serra para a sociedade." Estudante de Geografia, ele reclamou do frio e disse ter tido que tomar medicamento nesta madrugada. Indagado se já era engajado em lutas da universidade, disse que apenas frequentava o centro acadêmico, sem ter cargo.
O movimento tem ares de espontaneidade, uma vez que dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) não são vistos por lá para levar seu apoio e nenhuma faixa desses movimentos foi vista no local.
Mas a resistência começa a ser abalada. Nesta madrugada, o forte boato da chega da PM fez vários estudantes deixar o prédio, munidos de colchões, travesseiros e cobertores, segundo os funcionários.
"Esta noite nós mais uma vez não dormimos sob ameaça da invasão da tropa de choque", disse Carlos Gimenes, um dos estudantes da invasão.
Além da revogação dos decretos que alteram o direito de a universidade se auto reger, os estudantes querem mais verbas para a educação, direito a voto no conselho universitário, contratação de professores e funcionários, mais moradia e transporte. Alguns já itens foram aceitos pela reitora.
No universo uspiano, formado por 80 mil alunos, 15 mil funcionários e 5.000 professores, há também quem seja do contra. Estudantes da Escola Politécnica foram nesta tarde fazer uma espécie de turismo em frente à reitoria. Apesar das decisões de assembléia, professores e alunos da Poli não estão em greve, que só atinge cerca de 100 por cento da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e das humanas. "Estudantes não devem fazer greve, não tem sentido", disse Flavio Diez, do primeiro ano da Poli, contrário à invasão. "Eles deveriam ter saído quando a reitoria aceitou algumas reivindicações", afirmou.
"Até agora as discussões estavam muito entre a reitora e os estudantes. Agora é uma questão de Estado, para que a gente tenha um desfecho sem a necessidade da tropa de choque", disse Ariel de Castro Alves, secretário-geral do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, que intermediou a reunião.
"A postura da reitoria nos levou a isso", lamenta Bruno, que, assim como muitos alunos que ocuparam a reitoria, evita dar seu sobrenome, com temor de um processo judicial pelo não cumprimento da decisão de reintegração de posse. A medida foi dada pela Justiça em 16 de maio, após pedido da reitoria. Os funcionários tentaram um adiamento, que foi negado nesta manhã pela Justiça.
As negociações com a reitora da Universidade de São Paulo (USP), Suely Vilela, vinham conferindo autonomia ao caso, princípio que é a bandeira de estudantes, funcionários e professores do campus. Todos em greve, eles se uniram na tentativa de revogar decretos do governador que, segundo a comunidade, ferem a autonomia das três universidades estaduais.
BARRICADA E FOTO DE SERRA
"USP Livre, Pública e Autônoma", é uma das faixas afixadas na fachada da reitoria. Em frente, uma barricada meio mambembe é formada por pneus velhos e várias cópias de uma fotografia de Serra segurando um rifle. Feitas em papel sulfite, são trocadas quando ficam velhas, amassadas.
A animação do local é dada pelos discursos e pela música de um caminhão de som do sindicato dos funcionários, onde estudante não sobe. "Nós não estamos aqui para destruir", diz um dos sindicalistas, esquentando os trabalhos. Ao meio-dia, com grande adesão, os servidores fazem assembléia e votam pela continuidade da greve iniciada em 16 de maio. Depois, dão um abraço simbólico no edifício.
Decisão tomada, o carro de som maior vai embora e é substituído por um menor que já vem de longe entoando o tradicional lema da resistência popular: "Para Não Dizer que Não Falei das Flores" (Caminhando e Cantando), de Geraldo Vandré.
Pouco depois, um grupo de estudantes deixa o interior da reitoria para entoar uma poesia de Bertold Brecht musicada por eles mesmos. "Nossos inimigos dizem: a luta terminou. Mas nós dizemos: ela mal começou", diz um trecho. O canto se junta ao som de uma flauta doce, um violão e um pandeiro.
Apesar da aparente tranquilidade, João Paulo, um dos alunos invasores, diz que "está puxado". "Mas é valido para divulgar os decretos de Serra para a sociedade." Estudante de Geografia, ele reclamou do frio e disse ter tido que tomar medicamento nesta madrugada. Indagado se já era engajado em lutas da universidade, disse que apenas frequentava o centro acadêmico, sem ter cargo.
O movimento tem ares de espontaneidade, uma vez que dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) não são vistos por lá para levar seu apoio e nenhuma faixa desses movimentos foi vista no local.
Mas a resistência começa a ser abalada. Nesta madrugada, o forte boato da chega da PM fez vários estudantes deixar o prédio, munidos de colchões, travesseiros e cobertores, segundo os funcionários.
"Esta noite nós mais uma vez não dormimos sob ameaça da invasão da tropa de choque", disse Carlos Gimenes, um dos estudantes da invasão.
Além da revogação dos decretos que alteram o direito de a universidade se auto reger, os estudantes querem mais verbas para a educação, direito a voto no conselho universitário, contratação de professores e funcionários, mais moradia e transporte. Alguns já itens foram aceitos pela reitora.
No universo uspiano, formado por 80 mil alunos, 15 mil funcionários e 5.000 professores, há também quem seja do contra. Estudantes da Escola Politécnica foram nesta tarde fazer uma espécie de turismo em frente à reitoria. Apesar das decisões de assembléia, professores e alunos da Poli não estão em greve, que só atinge cerca de 100 por cento da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e das humanas. "Estudantes não devem fazer greve, não tem sentido", disse Flavio Diez, do primeiro ano da Poli, contrário à invasão. "Eles deveriam ter saído quando a reitoria aceitou algumas reivindicações", afirmou.
Fonte:
24 Horas News
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/225547/visualizar/
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