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Nacional
Quarta - 23 de Maio de 2007 às 18:39

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A renúncia do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, foi recebida com indiferença pelo mercado e pelo setor de energia, que já esperava o desfecho após um fim de semana de especulações.

De maneira geral, há a crença de que o governo manterá um esforço para agilizar os projetos do setor. A percepção da mão firme da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que já ocupou a pasta e promoveu mudanças profundas nas regras, também é fator tranquilizador, segundo analistas.

"Não foi evento para o mercado, as ações da Eletrobrás estão bem e a notícia passou meio indiferente... a Dilma tem uma força muito grande nessa área e agora é aguardar o nome do próximo", avaliou o analista de energia da corretora Àgora, Alexandre Ulm.

Rondeau --que deixou o Ministério na terça-feira sob suspeita de ter recebido propina, fato negado pelo ex-ministro -- possuía uma rara combinação de conhecimento técnico, peso político em um grande partido da coalizão do governo e afinidade com Dilma Rousseff.

O setor de energia espera uma luta política pelo lugar de Rondeau, que era filiado ao PMDB. O partido deve tentar nomear outro membro para o cargo. No entanto, o substituto deve ser aprovado por Dilma Rousseff, integrante do PT.

"Vai começar o embate de forcas políticas. O PMDB vai querer indicar, mas vai ter que passar pelo crivo da Dilma, que por sua vez tem suas próprias preferências", disse Rafael Schechtman da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura.

A mudança de comando ocorre em um momento em que o governo tenta executar obras do bilionário Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que envolve em grande parte projetos para garantir energia que sustente o crescimento do País.

"O momento é crítico em termos de decisões sobre a energia, eles não podem esperar mais seis meses. Com certeza o governo deve decidir rapidamente sobre o novo ministro", disse Sophie Aldebert, diretor associado da Cambridge Energy Research no Brasil.

Por enquanto, uma fonte do governo afirmou que Lula queria deixar "a poeira baixar" antes de escolher um novo ministro do PMDB.

Embora haja alternativas possíveis no próprio PT, como Maria das Graças Foster e Maurício Tolmasquim, ex-autoridades do ministério, os consultores não tinham indícios de quem o PMDB poderia nomear. "Há uma escassez de nomes, será difícil", disse Schechtman.

Os analistas disseram que Rondeau conversou com investidores privados de energia sobre uma série de assuntos, incluindo o nível do teto para os leilões de eletricidade do governo, sendo que o próximo ocorre já em junho.

Rondeau também lidou com os pedidos da indústria para isenções tarifárias em alguns projetos presentes no PAC, e defendeu os projetos de energia atrasados pelo licenciamento ambiental.

O ex-ministro era a favor da continuação dos leilões anuais para as concessões de exploração e produção de petróleo e gás e participou no desenvolvimento da Lei do Gás, tida como crucial para atrair investimentos em toda a cadeia do combustível, da exploração ao transporte e consumo.

"O setor privado está preocupado com a manutenção destas coisas", explicou Schechtman.

Apesar da expectativa com o novo nome, o índice das companhias de energia na Bolsa de Valores de São Paulo, o IEE, fechou em alta de 0,17% nesta quarta-feira, um aumento acima do mercado em geral, e que dá continuidade a um rali iniciado há mais de uma semana.




Fonte: Reuters

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