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Internacional
Quarta - 23 de Maio de 2007 às 05:11

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LONDRES - Os agricultores do sul do Iraque começaram a substituir seus campos de arroz por cultivos de papoulas para a produção de ópio, segundo informa nesta quarta-feira, 23, o correspondente do jornal britânico The Independent.

As plantações estão ainda em sua fase inicial. Mas o governo de Bagdá pouco pode fazer para combater o plantio, segundo o jornal. A região de Diwaniya e seus arredores são controlados por milícias xiitas e seus aliados.

Nos últimos dois meses, o local tem sido cenário de sangrentos combates entre as milícias, o Exército iraquiano e as forças militares dos Estados Unidos.

Segundo o correspondente, a substituição do arroz por ópio pode ser constatada nas áreas agrícolas em torno das cidades de Ash Shamiyah, al-Gammas e Ash Shinafiya. Os agricultores, no entanto, enfrentam problemas devido ao intenso calor e ao alto nível de umidade.

O jornal britânico afirma que é perigoso para os jornalistas ir a Diwaniya para ver o fenômeno de perto. Mas dois estudantes que vivem na região e uma fonte de Basra familiarizada com o narcotráfico garantiram que a informação está correta.

Rota de passagem

Os traficantes de droga utilizam o Iraque há muito tempo como rota de passagem para a heroína, produzida a partir do ópio em laboratórios afegãos. A droga é enviada depois pelo Irã aos mercados da Arábia Saudita e Golfo Pérsico.

O aparelho de segurança do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein em Basra supostamente estava diretamente envolvido no tráfico.

No entanto, as papoulas não eram cultivadas até agora no Iraque. As novas plantações são possíveis devido à violência no sul do país, comenta o correspondente.

Para o Independent, a decisão dos agricultores de substituir o arroz pela papoula dificilmente foi tomada de forma espontânea. As quadrilhas que financiam os novos cultivos são supostamente bem equipadas e organizadas.

Segundo o correspondente, o plantio de papoula na região foi documentado desde 3.400 anos antes de Cristo. Os sumérios falavam da flor como "planta da alegria". Algumas das primeiras referências figuram nas tábuas de barro achadas entre as ruínas da cidade de Nipuur, a leste de Diwaniya.

O The Independent afirma que a violência entre as milícias no sul do Irã, que lutam pelo controle de seus recursos, gera condições de anarquia ideais para a atividade de produtores e traficantes de drogas.

"É evidente que algumas quadrilhas acham que podem ganhar dinheiro seguindo o exemplo do Afeganistão", país onde a produção de ópio se recuperou após a queda do regime taleban, que tinha erradicado a atividade, acrescenta o jornal.




Fonte: EFE

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