África do Sul usa 'teste de virgindade' para prevenir Aids
Cerca de 200 jovens mulheres zulus participaram de uma sessão em Pietermaritzburg na província de KwaZulu-Natal. Elas têm entre sete e 31 anos de idade.
As participantes se reúnem com cinco idosas em um workshop e discutem sexualidade além de problemas mais específicos.
Estupro
O exame físico para determinar se elas já tiveram relações sexuais parece ser uma parte secundária do procedimento.
Durante a reunião são discutidos assuntos como estupros e como lidar com este fato, que ocorre em níveis epidêmicos na África do Sul. Mas, os preservativos são raramente mencionados.
Em vez disso, a abstinência é apontada como a principal forma de evitar a infecção.
Nomagugu Gobese, uma idosa que fundou a Organização de Desenvolvimento da Cultura e Juventude Nomkhubulwane e que é chamada de "titia" por muitas garotas que participam do teste, está entre as que apóiam a tradição.
Gobese afirma que o teste de virgindade foi praticado por centenas de anos e aqueles que são contra a tradição, que ela compara a uma religião, estão adotando uma "mentalidade colonialista".
"A lição que devemos ensinar às estudantes é como se abster e não fazer com que elas pensem que está tudo bem no caso de uma gravidez", disse. A filha de 24 anos de Makhosaza June faz testes mensais de virgindade.
"Vi o efeito na minha filha desde que ela começou a participar dos testes. Ela agora tem auto-estima e ela quer participar dos testes, eu não a obrigo", disse.
Risco
Loveness Jambaya, do grupo não-governamental Gender Links, em Johanesburgo, afirmou que a prática coloca em risco a vida de mulheres.
"Você se coloca em um risco maior de estupro devido à crença (incorreta) de que relações sexuais com uma virgem ajudam na luta contra Aids. E se descobrem que ocorreram relações, a pessoa será isolada da comunidade e sofrerá abusos."
"HIV/Aids é o maior risco que elas correm", disse.
Durante gerações, os zulus realizaram testes para garantir que as filhas consigam um "lobola" mais alto, o pagamento tradicional feito pela família do noivo à família da noiva.
O Parlamento da África do Sul analisou em 2005 uma proposta para proibir os testes, mas a medida foi derrotada.
Meninos
Médicos e idosos zulus admitem que os testes de virgindade não revelam quem é HIV positivo, mas podem revelar quem não se protegeu em relações sexuais e quem precisa de aconselhamento e tratamento.
Para aqueles que afirmam que os testes de virgindade representam um ônus muito alto para as mulheres, Nomagugu Gobese afirma que vai começar a testar meninos também.
Especialistas médicos questionam os métodos da idosa, mas ela afirma que será capaz de descobrir os meninos virgens.
"Meninos também devem ser ensinados (...), senão estaremos perdendo a batalha", disse.
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