Pesquisa revela que quilombolas sofrem com falta de saúde e alimentação
O levantamento avaliou a situação educacional e de saneamento básico, e traçou o perfil nutricional das crianças de zero à cinco anos. Em nível nacional os números indicam que 11,6% apresentaram défcit de altura para a idade e uma, em cada dez crianças está desnutrida.
Hoje a pequena Daiane, por exemplo, que vive na comunidade de Mata Cavalo está bem. Mas a avó da menina, Lúcia Conceição Arruda, disse que ela já foi vítima de desnutrição. " Ela estava muito magra e foi preciso levá-la ao médico", disse Lúcia.
Na comunidade de Mato Cavalo em Livramento a situação nutricional ainda é melhor que nas outras comunidades quilombolas de outras regiões do país. Os moradores plantam frutas, verduras e legumes que vão para a mesa.
As famílias também recebem cestas básicas, mas ainda não é suficiente para garantir uma alimentação de qualidade. Para a dona de casa Lúcia Cristina Almeida, o sacolão é insuficiente para alimentar toda a família. "É muito pouco o que vêm nos sacolões e acabam não dando para nada", explicou a dona de casa.
Os desafios também estão na educação. A escola local funciona sem nenhuma infra-estrutura, e é onde são realizadas as reuniões comunitárias. De acordo com o Agente de Sáude Édson Batista da Silva, as crianças caminham cerca de oito quilômetros para poderem chegar à escola e estudar.
Entre as grandes dificuldades enfrentadas pelas famílias que viviem na região, está a falta de infra-estrutura. A maioria das casas é feita de palha e não tem banheiro. Na comunidade falta ainda rede de esgoto e água encanada. A dona Camila (50), por exemplo, caminha quatro quilômetros todos os dias em baixo do sol quente, para lavar as roupas no rio. "Infelizmente é o único modo que encontrei. Precisamos urgentemente de água encanada", desabafa dona Camila.
O levantamento revelou que, em nível nacional á água chega em apenas 30% das casas nas comunidades quilombolas. Em 46% dos casos avaliados, o esgoto é à céu aberto. A líder comunitária de Mata Cavalo, Gonçalina de Almeida e Silva, ressalta que a pesquisa é importante para mostrar a realidade das família e deve servir de subsídio para que os governos promovam melhorias.
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