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Nacional
Domingo - 20 de Maio de 2007 às 23:24

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FOZ DO IGUAÇU - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe de Estado do Paraguai, Nicanor Duarte, colocarão em operação amanhã as duas últimas das vinte turbinas previstas para a usina de Itaipu, e com isso a hidrelétrica começará a operar a todo vapor justo quando está perto de perder sua condição de maior do mundo.

A usina também completará sua capacidade operacional 34 anos depois da assinatura do tratado que a criou, e no momento em que os paraguaios questionam os benefícios do acordo.

Com as duas novas turbinas que Lula e Duarte inaugurarão amanhã, cada uma com capacidade para gerar 700 megawatts, a capacidade de produção de Itaipu aumentará dos atuais 12.600 megawatts para 14.000 megawatts.

No entanto, a nova capacidade é insuficiente para que a central localizada sobre o rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai, evite a perda no próximo ano de sua atual condição de maior central hidrelétrica do mundo em funcionamento.

A China espera iniciar as operações entre 2008 e 2009, da hidrelétrica das Três Gargantas, com 32 turbinas e capacidade de 22.400 megawatts.

Ativação

As duas novas turbinas de Itaipu, previstas no tratado constitutivo da central, tiveram custo de US$ 184,6 milhões e permitirão uma produção de 95 bilhões de quilowatts por hora, frente aos atuais 90 bilhões de quilowatts, já que, geralmente, a hidrelétrica funciona com duas turbinas paralisadas para manutenção.

Os 1.400 megawatts de capacidade das duas novas turbinas são suficientes para fornecer energia a uma cidade de 5 milhões de residências, com um gasto médio de 200 quilowatts por mês.

A central é responsável por 20% da energia consumida pelo Brasil e 95% da consumida pelo Paraguai. Com o fim do processo de aumento da capacidade instalada, Itaipu poderá começar agora um processo de atualização tecnológica de suas primeiras 18 turbinas, que foram projetadas nos anos 70 e montadas entre 1984 e 1991.

O acordo de criação da usina de Itaipu, assinado em 26 de abril de 1973, estabeleceu que a energia fosse dividida em partes iguais, e o que não fosse consumido por um país seja aproveitado pelo outro, mas não prevê a venda da energia a terceiros países.

Itaipu completa sua capacidade operacional no momento em que vários setores no Paraguai questionam os benefícios do tratado para seu país, e as supostas vantagens do Brasil.

A razão é que o excedente que o Paraguai deve ceder ao Brasil e que não pode ser vendido a outros países é oferecido a custo de produção, muito abaixo dos preços do mercado.

Dos 50% de energia produzida em Itaipu que lhe corresponde, o Paraguai usa apenas 15%.

Mudança Os setores paraguaios que questionam o tratado também pedem uma renegociação da dívida no valor de US$ 19 bilhões com o Brasil, devido ao investimento brasileiro para a construção da obra.

O Paraguai já conseguiu um acordo para que o Brasil elimine parte do fator de ajuste, pelo qual a dívida era reajustada por uma taxa fixa de juros de 7,5% anual, além da taxa de inflação nos Estados Unidos.

O acordo para eliminar a inflação americana no fator de ajuste, que permitirá uma redução da dívida de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões até 2023, ainda depende da aprovação do Congresso brasileiro.

Apesar das reivindicações paraguaias, Lula deixou claro que dificilmente o Brasil aceitará uma renegociação.

Em entrevista coletiva concedida na semana passada, e que foi interpretada como uma mensagem de advertência ao Paraguai, Lula disse que a ruptura de contratos ameaça a boa relação entre os países sul-americanos.

Além disso, em entrevistas a jornais paraguaios esta semana, o presidente brasileiro afirmou que "não deveríamos discutir neste momento modificações do tratado", porque dificilmente uma decisão será aprovada pelos Congressos dos dois países.




Fonte: Estadão

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