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Internacional
Sábado - 19 de Maio de 2007 às 18:52

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Os povos quéchua do Equador reagiram indignados ao discurso realizado pelo Papa Bento XVI no Brasil, no qual se referiu à evangelização da América Latina.

"Os povos indígenas do continente de Abya Yala (América) rejeitam energicamente as declarações emitidas pelo Sumo Pontífice, no que se refere à nossa espiritualidade ancestral, e aos comentários políticos emitidos com relação a alguns presidentes latino-americanos e do Caribe", afirmaram.

Segundo eles, as declarações ocorrem "quando a vida planetária está ameaçada de morte, e os presidentes que o Papa cita em suas declarações não são responsáveis por isso, mas sim aqueles que, como o presidente americano, George W. Bush, adotam a bandeira do voraz sistema capitalista neoliberal".

"É inconcebível que, para alguém de quem se espera que seja o representante de Cristo na Terra, sejam os presidentes latino-americanos de orientação humanista os que causem preocupação", acrescentam.

Além disso, afirmaram que "é hora de se entender que nosso continente tem o direito de exercer a livre determinação.

"Já não é tempo de novas e renovadas conquistas em nome de nada", afirmou.

Para os quéchuas, "se analisarmos com sensibilidade humana, sem fanatismo de nenhuma espécie, a história da invasão de Abya Yala, realizada pelos espanhóis com a cumplicidade da Igreja Católica, não podemos fazer menos do que nos indignar".

Seguramente "o Papa desconhece que os representantes da Igreja Católica, com honrosas exceções, foram cúmplices e encobridores de um dos genocídios mais horrorosos que a humanidade pôde presenciar", acrescenta o texto.

Bento XVI disse, durante sua visita ao Brasil, que a evangelização da América "não supôs, em nenhum momento, uma alienação das culturas pré-colombianas, nem foi uma imposição de uma cultura estranha".

Também fez advertências sobre o surgimento de "Governos autoritários" na América Latina, mas não mencionou a que líderes e países se referia.

Os quéchuas também afirmaram que "é justo resgatar e valorizar as vidas exemplares dos sacerdotes que perante tanta barbárie, se puseram do lado dos que chamaram de ''índios'', como é o caso de Bartolomé de Las Casas e outros sacerdotes dominicanos que exerceram a defesa dos direitos de seus antepassados".

"Cabe também reconhecer e apresentar nosso mais profundo respeito a todos os religiosos, sacerdotes, bispos e pastores que deram a vida para servir os mais pobres, em nosso continente e em qualquer parte do mundo", acrescentaram.

Além disso, rejeitaram "as coincidências políticas e religiosas entre Bush e o Papa, para criminalizar as lutas dos povos oprimidos".

Por isso, exigem "coerência" pois "a incoerência de muitos que dizem ser representantes de Cristo é o que provoca a deserção nas Igrejas, e de maneira particular na Igreja Católica, situação que tanto preocupa ao Papa".

Os quéchuas, no entanto, disseram que aceitam "a mensagem de esperança, amor e libertação de Jesus Cristo" e que as religiões dos indígenas "jamais morreram" e aprenderam a "sincretizar" suas crenças e símbolos "com as dos invasores e opressores".

O comunicado termina com a apresentação de solidariedade com relação aos presidentes de Bolívia, Evo Morales, Cuba, Fidel Castro, e Venezuela, Hugo Chávez.





Fonte: EFE

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