Maoístas exigem fim da monarquia antes de eleições no Nepal

KATMANDU - Os maoístas do Nepal descartam a realização de eleições para uma Assembléia Constituinte enquanto ainda houver uma monarquia do país, e ameaçaram promover uma greve geral a partir deste domingo, 20, se não a situação de seus combatentes não melhorar, informou a rede de rádio nepalesa "Kantipur FM".

Em Pokhara, no centro do país, o líder maoísta Prachanda afirmou que seu partido convocará uma greve geral a partir deste domingo se não for tomada uma decisão para melhorar as condições de vida dos 31 mil combatentes em 28 campos do país.

Prachanda denunciou que o Governo tinha se comprometido a cuidar da situação dos combatentes após o acordo de paz assinado em novembro.

O processo de paz do Nepal foi interrompido no mês passado, quando a Comissão Eleitoral anunciou que as eleições previstas para junho não poderiam ser realizadas.

A coalizão governamental de oito partidos, incluindo os maoístas, tem agora que fixar uma nova data para a eleição de uma Assembléia Constituinte encarregada de decidir se o Nepal continua sendo uma monarquia ou se transforma em república.

Mas antes, os ex-combatentes maoístas, que continuam aquartelados em acampamentos precários, precisam de melhoras urgentes nos refúgios, segundo o Ministro do Interior, Prasad Sitaula.

O Grupo Internacional de Crise (ICG, sigla em inglês) avisou nesta sexta-feira em Bruxelas que os maoístas podem recorrer a um "confronto físico" se o processo de paz se estagnar.

Segundo o grupo de análise, o objetivo dos maoístas é declarar uma república popular, e existe uma forte pressão sobre seus líderes por terem mudado sua linha de atuação política, negociando "vantagens quase imperceptíveis".

Os maoístas assinaram com o Governo, em novembro de 2006, um acordo de paz que pôs fim a uma guerra de 10 anos na qual morreram mais de 13 mil pessoas. Meses depois se incorporaram ao Parlamento e ao Gabinete.