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Nacional
Sexta - 18 de Maio de 2007 às 09:20

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A Construtora Gautama e seu proprietário, Zuleido Soares Veras, 62, focos da operação deflagrada ontem pela Polícia Federal, têm seus nomes associados a possíveis irregularidades em obras públicas desde, pelo menos, o ano 2000.

O TCU (Tribunal de Contas da União) detectou irregularidades consideradas graves em pelo menos nove obras tocadas pela empresa, sozinha ou em consórcio. Numa delas, segundo o tribunal, houve "pagamento indevido" de R$ 15 milhões.

Em 2006, o jornal "Correio Braziliense" revelou que obras realizadas pela Gautama e posteriormente questionadas pelo TCU foram contratadas durante a gestão do deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL) na Secretaria de Estado de Infra-Estrutura de Alagoas.

Seu irmão, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), solicitou, em 2006, a liberação de R$ 70 milhões para outra obra da Gautama criticada pelo TCU. Ouvidos à época, ambos negaram qualquer responsabilidade pelos atos da empresa.

Fundada em julho de 1995 por Veras, ex-executivo da empreiteira baiana OAS, e dois sócios, que deixaram o negócio anos depois, a Gautama declara um capital social de R$ 53,3 milhões, com 450 funcionários em 11 cidades -Aracaju (SE), Brasília (DF), Cristalina (GO), Ji-Paraná (RO), Maceió (AL), Manaus (AM), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e São Paulo (SP).

Embora Veras more na Bahia, a matriz da Gautama é uma sala do 9º andar de um edifício da alameda Santos, na capital paulista, a uma quadra da avenida Paulista, um dos pontos mais valorizados da capital. Ontem, ninguém apareceu para trabalhar. Segundo funcionários do edifício, a empresa possui apenas três ou quatro funcionários no local.

Os donos da Gautama são a Silte Participações (99,9% das ações) e Veras (0,1%). A Silte pertence ao empresário e a um seu familiar.

Em outubro de 2002, Veras fundou a Ecosama (Empresa Concessionária de Saneamento de Mauá), que meses depois, na gestão do então prefeito de Mauá (SP), Oswaldo Dias (PT-SP), venceu a disputa por uma concessão pública para operar o sistema de esgoto da cidade a partir de março de 2003. A concessão deve vigorar por 30 anos, e rende à empresa uma receita mensal de R$ 1,7 milhão a R$ 1,8 milhão, segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Mauá, hoje administrada pelo PV.

Veras também tentou obter dois contratos para construção de linhas de transmissão elétrica, mas seu consórcio não passou da fase de habilitação, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Outras empresas associadas a Veras e seus parentes são a Construtora Mandala Ltda., a Patrimonial Cacimba S/A e a Focus Participações Ltda., todas sediadas em Salvador. Notícias de imprensa, anteriores à operação policial de ontem, caracterizam Veras como alguém que visitava com freqüência parlamentares no Congresso Nacional. Em 2000, a revista IstoÉ reproduziu, numa matéria intitulada "Balcão de Negócios", um comentário atribuído ao então deputado Marcelo Déda (PT-SE): "Cheguei a pensar que ele [Veras] era um deputado baiano".





Fonte: Folha de S.Paulo

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