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Economia
Quarta - 16 de Maio de 2007 às 21:25

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O Conselho Executivo do Banco Mundial (BM) continuará discutindo amanhã o futuro de Paul Wolfowitz à frente da Presidência da entidade, mesmo após os comentários da Casa Branca de que o escândalo protagonizado por ele manchou a imagem da instituição internacional.

O Banco Mundial informou que dará prosseguimento às discussões amanhã, enquanto fontes oficiais afirmam que Wolfowitz quer que seu futuro seja decidido em votação do Conselho Executivo do Banco, o que possivelmente lhe dará maior margem de manobra.

Caso o futuro de Wolfowitz seja finalmente submetido a votação no BM, Washington terá a palavra final.

Os Estados Unidos têm a maior parte do poder no Banco, com 16,4% dos votos no Conselho, sendo seguido pelo Japão, que tem 7,9%.

Para que uma decisão importante seja aprovada, é necessária uma maioria de 85%, o que deixa os EUA com votos suficientes para bloquear qualquer medida de peso.

A nova mensagem da Casa Branca, que agora volta às atenções para o futuro do Banco, sugere uma mudança de postura na Administração americana, que não conseguiu o apoio do Grupo dos Sete Países Mais Desenvolvidos (G7) à liderança de Wolfowitz.

Neste sentido, a Alemanha informou hoje que o ex-número dois do Pentágono deve renunciar, e recomendou a Wolfowitz que, caso não deixe a presidência do banco, não participe do fórum de dois dias sobre a África, marcado para a próxima segunda-feira, em Berlim.

"Acho que a Casa Branca finalmente se deu conta de que a permanência de Wolfowitz é prejudicial, para o Banco e para os EUA", disse Dennis DeTray, vice-presidente do Center for Global Development, uma influente entidade sobre desenvolvimento, com sede em Washington.

Na opinião de DeTray, "já não se discute mais se Wolfowitz deve ou não renunciar, mas como deve renunciar".

O Conselho Executivo do Banco Mundial (BM), integrado por 24 diretores que representam os 185 membros da entidade, permaneceu reunido hoje por várias horas para tentar, sem sucesso, solucionar o controvertido assunto.

Apesar da desesperada luta de Wolfowitz, analistas como Colin Bradford, do centro de estudos "Brookings Institution", acreditam que "tudo está acabado".

Bradford, que trabalhou como assessor para assuntos de desenvolvimento durante o governo de Bill Clinton, afirmou que a renúncia de Wolfowitz é apenas uma questão de tempo, apesar de lamentar que a saída tenha de ser feita à força, e que o atual presidente tenha se negado "a assumir responsabilidade pelo que fez".

O ex-número dois do Pentágono disse nesta terça-feira, diante do Conselho Executivo do BM, que não agiu de má fé ao promover e aumentar o salário de sua namorada, Shaha Ali Riza, funcionária do Banco.

Wolfowitz frisou que só tratou do caso de sua namorada após o Comitê de Ética da instituição tê-lo aconselhado de se encarregar do assunto.

Analistas como Bradford criticaram este tipo de justificativa.

"Mesmo se o Comitê tivesse lhe dito para cuidar do caso, Wolfowitz não deveria ter agido dessa forma. O que ele fez constitui nepotismo e corrupção, atitudes contra as quais o Banco Mundial afirma lutar", criticou Bradford.

Riza trabalhava para o Banco Mundial quando Wolfowitz assumiu a Presidência, em junho de 2005.

Três meses depois, ela foi transferida para o Departamento de Estado para evitar um conflito de interesses, apesar de seu nome ter sido mantido no quadro de funcionários do Banco Mundial.

O salário de Riza passou rapidamente de US$ 133 mil para US$ 180 mil. Com a primeira revisão anual, sua renda bruta atingiu US$ 193.590, mais do que ganha a própria secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.

Um painel investigador do BM divulgou, nesta segunda-feira, um relatório que conclui que o aumento de Riza, feito a pedido de Wolfowitz, "superou o limite" estipulado pelas normas internas da instituição.

À espera da confirmação da renúncia de Wolfowitz, especialistas afirmaram que sua saída poderia alimentar um debate necessário sobre a reforma do BM.





Fonte: EFE

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