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Nacional
Quarta - 16 de Maio de 2007 às 20:14
Por: Leonêncio Nossa e Luciana Nune

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BRASÍLIA - Horas depois de uma manifestação que reuniu 12 mil trabalhadores de casas de bingo, em Brasília, pedindo a legalização do jogo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou a situação dos principais bingueiros do País, nesta quarta-feira, 16. “Alguns não vieram”, afirmou o presidente, numa referência aos donos de casas de jogos presos pela Polícia Federal na Operação Hurricane.

Numa rápida entrevista ao chegar ao Palácio do Itamaraty, para um almoço com o presidente senegalês, Abdoulaye Wade, Lula avaliou que o Congresso deve definir logo o assunto jogos de azar. “Ou proíbe, ou regulamenta, o que não pode é ficar essa indústria de liminares”, disse. “Tem de definir o que pode e o que não pode”, completou, classificando de “ótimo” o ato em favor dos bingos. No Congresso, há dez projetos defendendo a legalização dos bingos e sete estabelecendo a proibição definitiva. Alguns se arrastam desde 1991 e nenhum deles está pronto para votação em plenário.

Em 2003, o governo Lula chegou a manifestar-se pela legalização dos jogos. Mas, com o escândalo envolvendo o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, acusado de cobrar propina do empresário de jogo Carlinhos Cachoeira, o governo optou pela solução inversa: mandou uma Medida Provisória que previa o fechamento das casas de jogo. A MP foi aprovada na Câmara e arquivada no Senado. Com isso, o País não tem lei clara sobre o assunto e os bingos funcionam com base em liminares.

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, foi o porta-voz, no Congresso e no Executivo, do lobby dos empregados de bingos em defesa da legalização das casas de jogos. O deputado levou os trabalhadores, que fizeram passeata na Esplanada dos Ministérios pela manhã, para audiências na Câmara e em três ministérios. Paulinho da Força, como é conhecido, e a comitiva foram também ao líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE). O líder disse, no entanto, que o governo não tem nenhuma intenção de enviar uma proposta ao Congresso sobre o tema e que não vai manifestar posição contrária ou favorável à legalização dos bingos.

Paulinho pediu ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que os projetos de legalização dos bingos em tramitação no Legislativo sejam consolidados em uma única proposta. A resposta de Chinaglia foi protocolar: vai levar o assunto para a próxima reunião de líderes. Uma das idéias do lobby pró-bingos é anexar a nova proposta ao projeto de lei vindo do Senado que autoriza a existência de loterias estaduais e incluir.

Chinaglia não demonstrou entusiasmo pela tese da legalização das casas de jogos. "Tem o lado dos trabalhadores, mas também há escândalos e a sociedade tem essa percepção", afirmou o presidente da Câmara. O escândalo mais recente veio a público com a Operação Furacão, na Polícia Federal, que prendeu policiais, magistrados, bicheiros e empresários acusados de envolvimento em um esquema de venda de sentenças em favor dos jogos ilegais.

Ao lado do secretário-geral da Nova Central Sindical, Moacyr Roberto Tesch, o deputado do PDT disse que sua maior preocupação é a preservação de 120 mil empregos diretos e 300 mil indiretos gerados pelos bingos. "Um país pobre como o nosso, com 10 milhões de desempregados, não pode se dar ao luxo de mais desemprego. Embora alguns deputados sejam contra, acho que há sensibilidade nesta Casa para votar um projeto de legalização. Se houver consenso da base do governo, é fácil aprovar", afirmou Paulo Pereira da Silva.

A maioria aguarda parecer de relatores em comissões temáticas ou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara ou do Senado. Como há divergências dentro dos próprios partidos, dificilmente o tema vai avançar no Legislativo.




Fonte: Estadão

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