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Petrobras vale dez vezes o PIB da Bolívia
Segundo valores de 2006, conjunto de riquezas bolivianas somou US$ 10,2 bilhões.
Valor de mercado da Petrobras fechou o ano em US$ 109 bilhões.
A Petrobras vale "dez Bolívias". Essa é a conclusão a que se pode chegar quando se compara o valor de mercado da Petrobras - R$ 220 bilhões em 2006, ou US$ 109 bilhões, segundo a cotação do dólar de sexta-feira (11) - com o Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia, que ficou pouco acima de US$ 10 bilhões no ano passado, considerado o método que leva em conta a taxa de câmbio do país.
Se for levado em consideração o PIB por "paridade de poder de compra", outro cálculo usado por instituições internacionais, a economia boliviana movimentou cerca de US$ 27 bilhões, ou cerca de um quarto do valor de mercado da Petrobras.
De acordo com analistas do mercado de petróleo e de relações internacionais, esses números mostram como a suposta perda financeira que a Petrobras teve ao vender as refinarias para o governo boliviano por US$ 112 milhões não deve atrapalhar a lucratividade da empresa.
A estatal anunciou lucro de R$ 4,13 bilhões no primeiro trimestre de 2007, uma queda de 38% em relação aos R$ 6,68 bilhões do mesmo período do ano passado. A participação da Bolívia neste resultado foi pequena: no país governado por Evo Morales, a Petrobras teve prejuízo de R$ 10 milhões nos primeiros três meses deste ano, ante lucro de R$ 36 milhões entre janeiro e março de 2006.
‘Troféu’
De acordo com o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, as duas unidades da Petrobras na Bolívia tinham capacidade para refinar 40 mil barris de petróleo ao dia, apenas uma pequena fração dos 2,1 milhões de barris diários que a empresa produz. "Ou seja, mesmo que a Petrobras tenha mesmo tido um prejuízo de US$ 80 milhões (com a venda das refinarias), é uma coisa muito pequena", ressalta Pires, que também é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo o professor, a Bolívia precisava das refinarias como um "troféu" para exibir à população - e, para o Brasil, custou barato dar a vitória política para Evo Morales em troca da tranqüilidade no fornecimento do gás natural, do qual o país é altamente dependente. Atualmente, 50% da necessidade brasileira de gás é abastecida com o produto boliviano. "Dentro da confusão que foi criada, na qual o Brasil é refém da instabilidade política, foi o que podia ser feito", disse. "Para a Bolívia, é claro que esse valor representa muito."
Interesse dos acionistas
Para David Zylbersztajn, ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), os ativos da Bolívia não são importantes quando comparados ao valor total dos negócios da estatal brasileira. "A empresa garantiu o interesse dos acionistas, que são os verdadeiros donos da Petrobras. Claro que não poderia aceitar qualquer preço, mas se livrou de uma pendência que ia ficar anos no balanço da companhia (como provisão de perdas)", diz.
"Eu acho que tem certas coisas que vale a pena você pagar para se livrar do problema. Pelo menos ela ainda vendeu acima do valor comprado. Se for colocar no papel o quanto custaria a arbitragem, o quanto tempo demoraria para sair uma decisão, o prejuízo seria muito maior", disse Zylbersztain.
Valor das refinarias
De acordo com Gorete Pereira, coordenadora de projetos na área de energia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é preciso lembrar que é muito difícil saber se a Petrobras teve mesmo prejuízo ao vender as refinarias por US$ 112 milhões. "O valor de venda é baseado nas expectativas futuras do negócio", ressalta. "Tudo depende do critério usado."
A coordenadora da FGV também afirma que o acordo com a Bolívia vai além das cifras, pois tem caráter estratégico. "No volume de negócios da Petrobras, alguns milhões representam pouco. A decisão visou manter o suprimento de gás brasileiro", explica Gorete.
A Petrobras vale "dez Bolívias". Essa é a conclusão a que se pode chegar quando se compara o valor de mercado da Petrobras - R$ 220 bilhões em 2006, ou US$ 109 bilhões, segundo a cotação do dólar de sexta-feira (11) - com o Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia, que ficou pouco acima de US$ 10 bilhões no ano passado, considerado o método que leva em conta a taxa de câmbio do país.
Se for levado em consideração o PIB por "paridade de poder de compra", outro cálculo usado por instituições internacionais, a economia boliviana movimentou cerca de US$ 27 bilhões, ou cerca de um quarto do valor de mercado da Petrobras.
De acordo com analistas do mercado de petróleo e de relações internacionais, esses números mostram como a suposta perda financeira que a Petrobras teve ao vender as refinarias para o governo boliviano por US$ 112 milhões não deve atrapalhar a lucratividade da empresa.
A estatal anunciou lucro de R$ 4,13 bilhões no primeiro trimestre de 2007, uma queda de 38% em relação aos R$ 6,68 bilhões do mesmo período do ano passado. A participação da Bolívia neste resultado foi pequena: no país governado por Evo Morales, a Petrobras teve prejuízo de R$ 10 milhões nos primeiros três meses deste ano, ante lucro de R$ 36 milhões entre janeiro e março de 2006.
‘Troféu’
De acordo com o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, as duas unidades da Petrobras na Bolívia tinham capacidade para refinar 40 mil barris de petróleo ao dia, apenas uma pequena fração dos 2,1 milhões de barris diários que a empresa produz. "Ou seja, mesmo que a Petrobras tenha mesmo tido um prejuízo de US$ 80 milhões (com a venda das refinarias), é uma coisa muito pequena", ressalta Pires, que também é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo o professor, a Bolívia precisava das refinarias como um "troféu" para exibir à população - e, para o Brasil, custou barato dar a vitória política para Evo Morales em troca da tranqüilidade no fornecimento do gás natural, do qual o país é altamente dependente. Atualmente, 50% da necessidade brasileira de gás é abastecida com o produto boliviano. "Dentro da confusão que foi criada, na qual o Brasil é refém da instabilidade política, foi o que podia ser feito", disse. "Para a Bolívia, é claro que esse valor representa muito."
Interesse dos acionistas
Para David Zylbersztajn, ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), os ativos da Bolívia não são importantes quando comparados ao valor total dos negócios da estatal brasileira. "A empresa garantiu o interesse dos acionistas, que são os verdadeiros donos da Petrobras. Claro que não poderia aceitar qualquer preço, mas se livrou de uma pendência que ia ficar anos no balanço da companhia (como provisão de perdas)", diz.
"Eu acho que tem certas coisas que vale a pena você pagar para se livrar do problema. Pelo menos ela ainda vendeu acima do valor comprado. Se for colocar no papel o quanto custaria a arbitragem, o quanto tempo demoraria para sair uma decisão, o prejuízo seria muito maior", disse Zylbersztain.
Valor das refinarias
De acordo com Gorete Pereira, coordenadora de projetos na área de energia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é preciso lembrar que é muito difícil saber se a Petrobras teve mesmo prejuízo ao vender as refinarias por US$ 112 milhões. "O valor de venda é baseado nas expectativas futuras do negócio", ressalta. "Tudo depende do critério usado."
A coordenadora da FGV também afirma que o acordo com a Bolívia vai além das cifras, pois tem caráter estratégico. "No volume de negócios da Petrobras, alguns milhões representam pouco. A decisão visou manter o suprimento de gás brasileiro", explica Gorete.
Fonte:
G1
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/228038/visualizar/
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