Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Sexta - 11 de Maio de 2007 às 20:00
Por: Denise Luna

    Imprimir


O lucro da Petrobras caiu 38 por cento no primeiro trimestre do ano, para 4,13 bilhões de reais, ante 6,68 bilhões em igual período de 2006, resultado provocado por vários fatores, como a queda do petróleo, a valorização do real e custos de produção mais altos.

As despesas financeiras líquidas da companhia subiram de 444 milhões de reais no primeiro trimestre de 2006 para 950 milhões de reais no mesmo período do ano passado, uma alta de 114 por cento.

O lucro ficou quase 1 bilhão de reais abaixo das estimativas de analistas ouvidos pela Reuters, que, apesar de já esperarem por uma queda, estimavam que a companhia lucraria 5 bilhões de reais no período.

O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em 10,9 bilhões de reais, queda de 22 por cento em relação aos 14,1 bilhões de reais obtidos há um ano.

"O que fica difícil para os analistas verem é a perda que tivemos por ter ativos no exterior em relação à desvalorização do real. Com isso tivemos perdas de 570 milhões de reais", afirmou a jornalistas o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa.

"Também é difícil perceber a evolução do custo de refino pelos estoques (formados) com o petróleo mais caro, que aumentou a despesa em torno de 1 bilhão de reais."

Ele afirmou que o aumento de 3 por cento na produção de petróleo no período foi conseguida por meio de prospecções extras de 230 mil barris, mas "por causa do declínio natural da produção, de 7 a 10 por cento, o efeito desse aumento de produção foi de 50 mil barris por dia".

O declínio natural se refere à perda da capacidade produtiva dos poços em operação com o passar do tempo.

Em comunicado ao mercado, o presidente da companhia, José Sergio Gabrielli, destacou ainda a sazonalidade do primeiro trimestre.

"Normalmente o primeiro trimestre já é caracterizado por uma forte sazonalidade no consumo de combustíveis, dado o menor número de dias corridos e úteis em nosso principal mercado, o Brasil", afirmou.

"Adicionalmente, nossos técnicos têm enfrentado desafios tanto no campo operacional quanto comercial e corporativo", acrescentou.

Segundo Gabrielli, o resultado do trimestre foi afetado "pelos impactos do resultado financeiro líquido proveniente da apreciação do real".

A empresa também citou como fatores de impacto o prêmio pago aos investidores em operação de troca de títulos e o aumento das despesas operacionais causadas pelo incentivo financeiro pago aos participantes do Plano Petros.

Segundo Barbassa, a companhia pagou mais de 1 bilhão de reais a empregados e pensionistas, o que acabou se refletindo no lucro líquido.

No caso dos estoques, ele explicou que eles foram formados quando o petróleo estava mais caro no mercado internacional. Assim, a queda no valor do produto significou perdas financeiras.

BOLÍVIA

O diretor da companhia também abordou Bolívia, que anunciou na quinta-feira a compra de duas refinarias da Petrobras naquele país por 112 milhões de dólares.

Segundo o diretor, a operação da Petrobras no país saiu de um lucro de 36 milhões de reais no 1o trimestre de 2006 para um prejuízo de 10 milhões de reais no primeiro trimestre desse ano.

O motivo foi o aumento dos royalties cobrados pelo governo local, que passaram para até 82 por cento. Mas segundo Barbassa, a Petrobras está recorrendo administrativamente para recuperar parte dessa perda extra, causada pela demora da Bolívia em protocolar os novos contratos de operação.

Sobre a venda das duas refinarias, ele afirmou que o pagamento de 112 milhões de dólares será feito metade agora e a outra metade em 60 dias e defendeu o acordo firmado entre as duas partes.

"O que importa quando vai se vender o ativo é o que ele vale daqui para frente, foi uma boa venda, retornou para a Petrobras o que ela esperava ganhar no fluxo de caixa", argumentou Barbassa rebatendo críticas de que o negócio teria sido vantajoso para a Bolívia.

Questionado sobre se parte do pagamento será feito em gás, como foi comentado por algumas autoridades, ele disse acreditar que isso não acontecerá, mas acrescentou que se vier a ocorrer não será problema.

"Pra mim, gás é dólar", disse, não descartando eventuais futuros investimentos no país vizinho. "Não há visão nesse sentido agora (de investimentos), vamos levar em consideração a realidade de cada momento, mas podemos voltar a investir", afirmou.

Com a perda na Bolívia e sem contabilizar os resultados na Venezuela, que ainda não foram entregues pela estatal PDVSA, atual controladora dos ativos da Petrobras no país vizinho, o resultado da área internacional ficou negativo em 259 milhões de reais, ante lucro de 236 milhões de reais do mesmo período do ano passado.

"Tivemos mais gastos com sísmicas nos Estados Unidos, Turquia e Angola...aumentou em 235 milhões de reais em relação ao ano passado", informou Barbassa.

Barbassa anunciou ainda o desdobramento dos American Depositary Receipts (ADRs) da empresa na Bolsa de Valores de Nova York, aprovado nesta sexta-feira na reunião do Conselho de Administração da companhia.

"A partir de 2 de julho, cada ADR será desdobrado em 2 e deve valer cerca de 50 dólares", informou.




Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/228101/visualizar/