Justiça investe dinheiro de multa em obras sociais
Os acordos foram firmados em audiências presididas pelo juiz João Humberto Cesário, da Vara do Trabalho de São Félix do Araguaia na terça-feira (08).
O fazendeiro Romão Ribeiro Flor, dono da fazenda Rio Preto, em Porto Alegre do Norte, foi alvo de diversas denúncias de que estaria mantendo seus trabalhadores em condições semelhantes à de escravos. E que resultaram em ações civis públicas propostas pelo MPT em 2005. Na época, um gerente da fazenda chegou a ser preso durante fiscalização do Ministério do Trabalho e da Polícia Federal que libertou dezenas de trabalhadores.
Algumas ações já estavam em fase de execução, inclusive com dinheiro do réu já bloqueado e à disposição da Justiça.
No processo onde havia R$ 108.098,00 depositados, ficou acordado que o dinheiro será assim distribuído: 50% para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), 38% para o Fundo Municipal de Gestão Íntegra e Cooperada da Educação, 2% para a entidade "Balcão de Direitos Humanos" ligada à Prelazia de São Félix do Araguaia e 10% para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Na segunda audiência, do processo no qual já estava depositado o valor de R$ 32.790,40, o acordo firmado determina que 90% desse numerário seja destinado ao consórcio intermunicipal de saúde na região, ligado ao Hospital Regional do Araguaia, para a compra de equipamentos médico-hospitalares. Os 10% restantes serão destinados ao FAT.
Já no terceiro processo, o acordo foi feito sobre o pedido de indenização por dano moral coletivo. O fazendeiro assumiu os seguintes compromissos: construir um campo de futebol "society", com banheiros e vestiário, de valor aproximado de R$ 20 mil; instalar um parque infantil completo e campo de futebol, também no valor de cerca de R$ 20 mil; instalar uma biblioteca (com acervo orçado em R$ 3 mil) e um centro de informática com seis computadores completos e duas impressoras, fornecendo ainda o mobiliário e o material de expediente, com custo em torno de R$ 15 mil.
Comprometeu-se ainda em construir, também na sede da fazenda, um posto de saúde nos padrões do Ministério da Saúde, no valor de cerca de R$ 50 mil, adquirir uma caminhonete zero km, estimada em R$ 85 mil, que será doada à União, para a Delegacia Regional do Trabalho a ser instalada em São Félix do Araguaia, e doar um veículo tipo Van, de aproximadamente R$ 80 mil para transporte exclusivo de crianças das casas até a escola da sede da fazenda. O valor do depósito recursal neste processo será destinado ao FAT.
Caberá ao Ministério Público do Trabalho coordenar a destinação das verbas, fiscalizar a execução das obras e a aquisição dos bens, conforme o cronograma assentado nos processos. Foi também estipulado que o descumprimento do acordo implicará multa de 100% do montante estimado.
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