Ex-gerente de factoring alega desconhecer lavagem

Nilson Teixeira foi ouvido ontem pela Polícia Federal no inquérito que apura a ligação de pessoas que tomaram empréstimos nas factorings de João Arcanjo Ribeiro, assim como gerentes de bancos e empresas, com a Conexão Uruguai, que compreende a remessa ilegal de dinheiro do jogo do bicho para o país vizinho, e que retornava depois como empréstimos para o poder do "Comendador".

De acordo com o advogado de Nilson, Paulo Budóia, seu cliente voltou a afirmar que nunca teve conhecimento do esquema e que os empréstimos que vinham do Uruguai, por meio do Banco Central e do Banco do Brasil, acreditava serem legais. "Ele não sabe nem se isso ocorreu. Ele era apenas gerente da factoring (do Comendador)".

O inquérito no qual Nilson foi ouvido é o mesmo que o ex-contador de Arcanjo, Luiz Alberto Dondo Gonçalves, prestou depoimento na última quarta-feira e que o "Comendador" ainda será ouvido. Ao contrário de Nilson, Dondo relatou à PF, como já havia feito à Justiça Federal em 2003, como o dinheiro era remetido para o exterior e retornava para o Brasil.

A Conexão Uruguai é um dos inquéritos que está sendo presidido pelo delegado federal Diógenes Curado. Estes inquéritos buscam principalmente descobrir ligações de terceiros com os crimes pelos quais Arcanjo já foi condenado. Entre os investigados, segundo Budóia, está o ex-secretário de Justiça de Mato Grosso, Hilário Mozer. (AF)