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Quinta - 10 de Maio de 2007 às 20:42

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Fidel Castro recepciona grupo em Havana, no documentário "Hércules 56" (Foto: Divulgação)Depois de ser exibido fora de competição em festivais como o de Brasília em 2006 e o É Tudo Verdade em 2007, estréia em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre o documentário "Hércules 56", de Sílvio Da-Rin. O filme recupera os bastidores de um episódio marcante da história recente do país: a troca de 15 prisioneiros políticos pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado por grupos da luta armada em setembro de 1969.

Além do interesse em reavaliar aquele acontecimento, um dos momentos mais dramáticos na ditadura militar, no auge da repressão do governo Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), o documentário traz à tona um notável grupo de personalidades entre os nove sobreviventes do grupo original de 15 prisioneiros.

De um lado, estão os ex-presos políticos trocados pelo embaixador, como o ex-deputados José Dirceu de Oliveira e Vladimir Palmeira, e o jornalista Flávio Tavares. De outro, também são ouvidos idealizadores do próprio sequestro, como o historiador Daniel Aarão Reis e o jornalista Franklin Martins.

O diretor carioca Silvio Da-Rin, que é também um dos melhores técnicos de som do cinema nacional, conduz seu filme com ritmo e solidez de informações. Cria clima a partir dos depoimentos dos nove sobreviventes, partindo da famosa foto que os reúne antes da partida.

A montagem tece ligações entre os relatos, em que surgem recordações, como o medo de serem atirados do avião -um Hércules 56, da Força Expedicionária Brasileira (FAB)-, seu desembarque no México, sua posterior ida a Cuba, onde foram recebidos como heróis por Fidel Castro.

Os presos trocados não tinham relação direta com o sequestro. Eram militantes políticos de diferentes facções, que estavam na cadeia, sofrendo torturas. Por isso, vários recordam com que expectativa acompanharam sua inclusão na lista dos passageiros que deixariam o Brasil.

Um dos bons momentos do filme é quando se coloca na mesma mesa cinco dos autores do sequestro, pertencentes à Dissidência da Guanabara (que depois assume o nome de MR-8) com a ajuda da Ação Libertadora Nacional (ALN). Num animado debate, eles reavaliam suas audaciosas ações e algumas das terríveis possibilidades que não se cumpriram -- como preparar-se para a execução do embaixador, caso resultassem em fracasso as negociações com o governo militar.

Ricas imagens de arquivo, que incluem noticiários da época, e imagens de alguns dos prisioneiros já mortos -como o líder camponês Gregório Bezerra e o líder estudantil Luís Travassos- completam as discussões. O documentário cerca seu tema com cuidado e riqueza de detalhes. Fica claro que não há qualquer intenção aqui de ouvir o lado dos militares. O foco está em apresentar a versão de quem lutou contra a ditadura e hoje analisa as transformações do Brasil desde aquela época.

Uma ausência que alguns poderão notar é a do deputado Fernando Gabeira, participante do sequestro e que se tornou um dos mais famosos do grupo, por ter sido um dos primeiros a contar a história em seus livros ao voltar do exílio. A explicação do diretor é que Gabeira era "soldado raso" da operação e sua intenção era apenas ouvir os líderes.





Fonte: Reuters

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