Sojicultores de MT aponta câmbio como limitador da próxima safra
"Houve um otimismo com o aumento do preço da soja. Porém agora, com o aumento do custo de produção e o dólar em queda, existe uma preocupação e uma cautela para a formação da próxima lavoura", declarou o presidente da Aprosoja-MT, Rui Prado.
"Estou dizendo que talvez mantenha a área, com viés de baixa", disse, após um evento em São Paulo, cujo objetivo foi apresentar e tentar implantar no Brasil um modelo de integração da cadeia produtiva de soja, com base em uma experiência norte-americana.
De acordo com a Aprosoja, os ganhos de mais de 20% registrados no mercado internacional desde setembro do ano passado, quando os agricultores estavam envolvidos com o plantio, não fazem frente à alta de custos com adubos, que subiram 30% no mesmo período, segundo a associação.
A maior parte do adubo consumido no Brasil é importado. E os preços desse produto aumentaram justamente porque há uma procura maior em todo o mundo, argumentam as empresas de fertilizantes, uma vez que os países estão investindo mais em suas lavouras, aproveitando a alta das commodities e devido à maior demanda para produção de biocombustíveis.
Prado disse ainda que "todos os custos sobem", de insumos a salários, quando o real se fortalece. "Como nossa receita é em dólar, aumenta tudo". O dólar está cotado próximo de R$ 2 atualmente, ante R$ 2,17 no fechamento de setembro de 2006.
"A soja teve uma recuperação, mas o adubo subiu acima da soja", completou o vice-presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, lembrando ainda que não são todos os produtores do Estado que conseguem fechar negócios no pico das cotações. Para Silveira, o custo de produção deve subir de 11 sacas por hectare, em 2006/07, para 13 sacas por hectare em 2007/08.
Já o vice-diretor administrativo da Aprosoja, Ricardo Arioli Silva, lamentou o fato de o governo ainda não ter chegado a um acordo para equacionar o endividamento do produtor, acumulado nas safras 04/05 e 05/06.
"Estamos há 45 dias esperando o governo assinar o FRA (Fundo de Recebíveis do Agronegócio). Se isso não for feito, vai afetar toda a cadeia no ano que vem." O fundo seria utilizado como lastro para emissão de títulos de refinanciamento das dívidas junto às empresas, e poderia ter o FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador) como fonte de recursos.
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