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Nacional
Quinta - 10 de Maio de 2007 às 13:25
Por: Carolina Glycerio

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O papa Bento 16 manifestou nesta quinta-feira, durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo, o desejo de ver firmado um acordo entre o Vaticano e o Brasil durante o seu pontificado e o atual mandato de Lula, até 2010.

A revelação foi feita pela embaixadora do Brasil no Vaticano, Vera Machado, que contou que o acordo regulamentaria a ação da Igreja no Brasil, abordando o ensino de religião nas escolas, a isenção fiscal para as paróquias e outros temas.

"Eles (o Vaticano) sentem falta desse status de um acordo internacional que tem com outros países", disse a embaixadora.

Apesar de ser o país com o maior número de católicos no mundo, o Brasil ainda não tem um acordo específico com o Estado do Vaticano, que foi um dos primeiros a reconhecer a independência do país.

Uma proposta de acordo foi enviada pela Santa Sé ao Itamaraty em dezembro do ano passado, mas o governo brasileiro vem resistindo aos pedidos da Igreja e prefere remeter os temas para a legislação brasileira já em vigor.

Sem polêmica

O papa e o presidente tiveram um encontro reservado por cerca de 30 minutos no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, na zona sul da capital paulista.

Segundo Vera Machado, na reunião, que ocorreu em clima de "harmonia", eles não discutiram temas polêmicos, como o direito à vida.

"Não houve nenhuma palavra sobre aborto e preservativo", apesar dos assuntos serem prioridades para o Vaticano, disse a embaixadora.

A embaixadora explicou que foram tratados temas de consenso entre o Vaticano e o governo brasileiro, como a importância da educação e da preservação da família na promoção de valores morais.

Lula, que usou uma intérprete italiana, também teria falado dos programas sociais do seu governo como o Bolsa Família, da sua intenção de promover o uso de biocombustíveis na África e da necessidade de os países ricos eliminarem subsídios no contexto da Rodada de Doha, da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Segundo a diplomata brasileira na Santa Sé, Bento 16, que "não conhecia detalhes" do Bolsa Família, demonstrou "apreço" e "admiração" pelo programa. Ela também disse que o papa apoiou a idéia de levar biocombustíveis à África, embora também não conhecesse o assunto em detalhes.

No Palácio, além de se reunir com Lula, o papa se encontrou com a primeira-dama, Marisa, o governador de São Paulo, José Serra, sua mulher, Mônica Serra, a embaixadora do Brasil no Vaticano, Vera Machado, e o núncio apostólico no Brasil, Lorenzo Baldisseri.

Presentes

Na ocasião, o pontífice recebeu de presente de Lula uma coleção de três livros de obras do pintor Cândido Portinari.

Dona Marisa deu ao papa um retrato do próprio pontífice pintado por Roberto Camasmie.

Do governador Serra, o papa ganhou uma Bíblia de 15 kg, que já havia sido enviada ao Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, onde o papa está se hospedando em sua visita à capital paulista.

No Palácio dos Bandeirantes, Bento 16 também visitou uma coleção de arte sacra que está no segundo andar do Palácio dos Bandeirantes e que será aberta ao público a partir do dia 14.

Em seguida, o presidente e o papa participaram da cerimônia de lançamento de um selo comemorativo dos Correios, por ocasião da visita do papa ao Brasil.

De autoria de Luiz Santos, o selo mostra Bento 16 em primeiro plano e a Basílica de Aparecida ao fundo. O selo custará R$ 0,90 e terá uma tiragem de 2,04 milhões de unidades.

Primeiro dia

Depois dos compromissos no Palácio dos Bandeirantes, o papa voltou para o Mosteiro de São Bento, onde teve encontros com líderes de outras religiões.

Ainda nesta quinta-feira, ele deve participar de um encontro com jovens católicos no estádio do Pacaembu (zona sul de São Paulo)

Em seu primeiro discurso ao chegar ao Brasil, na quarta-feira, o papa disse que espera ver reforçada a necessidade do respeito à vida "desde a sua concepção até o seu natural declínio" durante a visita ao país.

"Estou muito feliz por poder passar alguns dias com os brasileiros. Sei que a alma desde povo, bem como de toda a América Latina, conserva valores radicalmente cristãos", disse o pontífice.

"E estou certo que em Aparecida, durante a Conferência Geral do Episcopado (Latino-Americano e do Caribe), será reforçada tal identidade, ao promover o respeito pela vida, desde a sua concepção até o seu natural declínio, como exigência própria da natureza humana."





Fonte: BBC Brasil

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