Brasil cai pelo 2º ano em ranking de competitividade
A posição brasileira no ranking caiu da 44ª no ano passado para a 49ª neste ano, em uma lista de 55 países. Havia chegado à 42ª posição em 2005.
Mas a queda não foi apenas relativa à média. Uma análise de 323 indicadores derrubou de 46,4 para 44,7 o "valor" da competitividade brasileira, em relação a um valor 100 atribuído à economia mais competitiva do mundo – novamente os Estados Unidos, de acordo com o relatório.
Comentando os resultados, o coordenador do projeto no Brasil, Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, disse que a piora brasileira está associada à falta de avanços em infra-estrutura e educação – fatores em que o Brasil ocupa a 51ª e 48ª posições no ranking de 2007.
"O país, nestes dez anos, ainda se destaca negativamente pela alta carga tributária, pelo custo do capital e pela excessiva burocracia e dificuldades enfrentadas por empreendedores que queiram iniciar novas empresas", ele analisou.
Lanterna entre os BRIC
A porta-voz do relatório, Suzanne Rosselet, disse à BBC Brasil que a comparação de 2007 mostra os desafios das economias no mundo atual.
"É a primeira vez, nos últimos cinco anos, que realizamos esta análise em um ambiente em que não existe recessão. O crescimento médio registrado pelos países da amostra foi de 5%, o que torna ainda mais difícil alcançar competitividade", ela afirmou.
"Percebemos que o crescimento do Brasil foi baixo, há gargalos na infra-estrutura, e o país ainda tem de melhorar o gerenciamento do gasto público e a oferta de serviços de educação."
"Em particular, damos muita atenção ao ambiente de negócios: percebemos que existe no Brasil um excesso de regulação, legislação trabalhista muito rígida e impostos altos, o que torna difícil competir em um mundo onde os países avançam a passos largos." Entre os países sul-americanos analisados, o Brasil fica atrás do Chile, da Colômbia e do México, e à frente apenas da Argentina – por pouco – e da Venezuela.
O professor Carlos Arruda considerou ainda como "lamentável" o fato de o Brasil ser o único país a perder posições entre os chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o grupo dos principais emergentes.
"China, Rússia e Índia detêm agora reservas de mais de US$ 1,7 bilhão em moeda estrangeira. Companhias (destes países), do Sudeste Asiático e dos países do Golfo Pérsico estão comprando ativos em todo o mundo", diagnosticou o relatório.
"É possível que as nações industrializadas não tolerem esta transferência de poder. É possível que assistamos a um ano de protecionismo crescente. É de se esperar um aumento no número de reclamações junto à Organização Mundial do Comércio por práticas desleais de comércio."
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