Inquérito da PF apressa investigação da CPI da Crise Aérea

Parlamentares da CPI da Crise Aérea avaliam que a conclusão do inquérito da Polícia Federal sobre o acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy vai acelerar os trabalhos da comissão. O inquérito, divulgado nesta quarta-feira, responsabiliza os pilotos norte-americanos do Legacy pela colisão que deixou 154 mortos, em setembro do ano passado. Segundo o texto, Joseph Lepore e Jan Paladino agiram com negligência por voar na mesma altitude do Boeing da Gol e não ligar o transponder - equipamento que permite a visualização dos aviões nos radares. A Polícia Federal transfere para a Justiça Militar a investigação sobre eventuais falhas dos controladores de vôo.

O presidente da CPI, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), disse que o inquérito vai orientar a primeira fase dos trabalhos da comissão. O responsável pela investigação, delegado Renato Sayão, será o primeiro a depor na CPI. Marcelo Castro espera contar com o apoio dos órgãos do Executivo para ouvir os pilotos do Legacy. "Foi um problema que aconteceu no Brasil, mas são cidadãos americanos. Vamos ver como o Itamaraty e o Ministério da Justiça vão interferir nisso aí. Eles terão que ser ouvidos por carta rogatória, porque eles não são brasileiros. São americanos e não estão no território brasileiro".

Outros alvos

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) avalia que a conclusão do inquérito levará a CPI mais rapidamente a outros alvos da investigação sobre a crise aérea. "De repente, não é preciso repetir perícia nem pedir a degravação da caixa preta, porque muitas informações já devem constar do inquérito. É evidente que é um fator que poderá adiantar e permitir que se trabalhem as outras frentes que estamos defendendo: uma com relação à infra-estrutura; ao relacionamento dos órgãos e o crescimento do setor; e uma terceira frente é para solicitar todas as investigações que estejam sendo realizadas sobre as empresas que compõem o sistema de tráfego aéreo brasileiro".

Novas reuniões O presidente da CPI cancelou a reunião desta tarde devido ao início da Ordem do Dia do Plenário e marcou novo encontro para esta quinta-feira, às 10 horas, ainda sem local definido. Os integrantes devem votar parte dos 93 requerimentos apresentados para a convocação de depoentes.

Além do delegado Renato Sayão, os deputados também devem convocar, prioritariamente, o coronel Rufino Ferreira, responsável pelas investigações sobre o avião da Gol no âmbito da Aeronáutica; e o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).