Papa chega a São Paulo e inicia visita ao Brasil
Na Base Aérea, o pontífice foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades.
Depois de um discurso, Bento 16 segue de helicóptero para o aeroporto de Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, onde deve se encontrar com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
De lá, o sumo pontífice segue de papamóvel para o Mosteiro de São Bento, no centro da cidade, onde ainda nesta quarta-feira deve abençoar os fiéis.
Bento 16 fica no Brasil até domingo. Nestes cinco dias, ele deve realizar a missa de canonização de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, e abrir a 5ª Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida (SP).
“Sede de Deus”
Em Roma, ao embarcar no avião que o levaria ao Brasil na manhã desta quarta-feira, o papa Bento 16 afirmou que "há sede de Deus" no país.
Falando a jornalistas que acompanharam o embarque, Bento 16 disse que "as pessoas querem estar próximas de Deus e procuram o apoio do cristianismo para a solução de seus problemas".
O papa indicou que o crescimento das seitas neopentecostais é uma preocupação na Igreja Católica, e que "a assembléia geral dos bispos quer encontrar respostas convincentes para isso" – em uma referência à 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe.
O papa também adiantou que deve reforçar a postura do Vaticano em relação ao aborto nesta sua primeira viagem América Latina, ao comentar a recente polêmica sobre a aprovação da lei pró-aborto na Cidade do México.
Bento 16 disse que os bispos mexicanos estavam corretos ao indicar a excomunhão como pena aos políticos que aprovaram recentemente a liberalização do aborto na capital mexicana.
Conforme informações da imprensa italiana, Bento 16 disse, já dentro do avião, que a decisão do episcopado mexicano não foi arbitrária, porque está prevista no Código do Direito Canônico da Igreja Católica.
Bento 16 disse também que “a grande luta da Igreja pela vida, um ponto fundamental do pontificado de João Paulo 2º” deve ser relançada.
Ele afirmou ainda que a vida "é um dom e não uma ameaça", como a mensagem que está na raiz das legislações em favor do aborto.
A declaração do papa suscitou polêmica no país e foi imediatamente rebatida pelo chefe da Sala de Imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi.
De acordo com ele, o papa não defendeu uma excomunhão oficial de todos os políticos que votam em favor de leis abortivas. Apenas justificou a linha adotada pelos bispos mexicanos.
Recado aos italianos
No avião, Bento 16 também mandou um recado aos políticos italianos, que reclamam da intromissão da Igreja nos assuntos cotidianos do país.
“A Igreja como tal não faz política, respeitamos a laicidade”, disse. “Mas a Igreja indica as condições nas quais os problemas sociais podem ser amadurecidos”, disse.
O pontífice saiu do aeroporto internacional Leonardo da Vinci, em Roma, a bordo do Boeing 777 da Alitalia às 9h08min, hora local, e deverá chegar ao Brasil às 16h30.
Bento 16 viaja acompanhado do secretário de Estado, dom Tarcisio Bertone, do presidente da Congregação para os Bispos, dom Giovanni Batista Re, do prefeito da Congregação para o Clero, dom Cláudio Hummes e do prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, dom José Saraiva Martins, que pronunciará a petição no rito de canonização do Frei Galvão.
Sobre o lugar da Teologia da Libertação na Igreja Católica, o papa disse ter observado que “é profundamente mudada a situação na qual a Teologia da Libertação nasceu”.
"Agora, a questão é como a Igreja deve estar presente na luta pela justiça: sobre isso se dividem teólogos e sociólogos”.
O papa disse que na Igreja “há espaço para um debate legítimo sobre como criar as condições para a libertação humana e sobre como tornar eficaz a doutrina da Igreja e indicar as condições humanas e sociais, as grandes linhas nas quais os valores possam crescer”.
Segundo Bento 16, “como Congregação (da Doutrina da Fé) procuramos fazer uma ação de discernimento para nos liberarmos dos falsos milenarismos e da politização”.
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