Petrobras e governo boliviano discutem venda de refinarias nesta quarta
A expectativa, segundo ele, é de que o resultado dessas conversas seja anunciado após a reunião.
Durante a reunião, o presidente da Petrobras na Bolívia, José Fernando de Freitas, e representantes da área jurídica da empresa deverão prestar formalmente a Vilegas esclarecimentos sobre a proposta de venda de 100% da participação da Petrobras nas refinarias, feita ontem pela estatal brasileira.
Rondeau, que ontem endureceu o discurso diante do decreto boliviano que afeta o fluxo de caixa da Petrobras na atividade de refino, elogiou hoje os pronunciamentos feitos pelo presidente Evo Morales e pelo vice-presidente boliviano, Álvaro Garcia Linera, que teriam adotado, segundo Rondeau, tom "absolutamente pacificador".
Diante da reação do governo brasileiro ao decreto, que destacou a possibilidade de reflexos no relacionamento entre os dois países, o presidente boliviano disse hoje que aposta em um acordo com o Brasil.
Ontem, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, informou que a estatal apresentou sua proposta final de venda, com "preço justo", e caso não houvesse acordo, apelaria para cortes internacionais para contestar a expropriação do fluxo de caixa das refinarias.
Hoje, o ministro brasileiro evitou comentar se o clima das negociações melhorou depois da dura resposta brasileira ao decreto. Ele preferiu dizer que o clima é de negociação, e que está "tudo normal".
Com um tom mais conciliador, Rondeau afirmou que a orientação por enquanto é a de tratar a questão entre a estatal boliviana YPFB e a brasileira Petrobras como uma questão comercial, "com uma negociação em andamento".
Preço do gás
Rondeau também não comentou a possibilidade de retaliações do governo brasileiro à Bolívia em caso de impasse nas negociações sobre as refinarias.
Questionado sobre a possibilidade de cancelar o aumento do preço do gás natural, acertado em fevereiro, durante a visita de Morales ao Brasil, o ministro sinalizou que, por enquanto, o preço do gás exportado para o Brasil não está na mesa de negociações. "Não se chegou a falar sobre isso", disse.
Entenda
Até a quinta-feira passada, quando ocorreu última rodada de negociações com a Bolívia, a estatal brasileira ainda considerava a possibilidade de manter uma participação minoritária nas refinarias bolivianas com um contrato de operação, o que foi descartado ontem.
Trata-se de uma resposta ao decreto assinado por Morales, que concedeu à YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) o monopólio da exportação do petróleo reconstituído e das gasolinas "brancas" produzidos pelas refinarias do país, o que afeta o fluxo de caixa das empresas.
A Petrobras não mencionou os valores apresentados na proposta que será discutida. Nos últimos dias, porém, o governo boliviano teria avaliado em US$ 60 milhões as duas refinarias. A estatal brasileira teria definido preço de US$ 136 milhões.
As duas instalações, uma em Cochabamba e a outra em Santa Cruz, foram vendidas pelo Estado boliviano à Petrobras em 1999, numa licitação, por US$ 104 milhões.
Comentários