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Domingo - 06 de Maio de 2007 às 15:48
Por: Josi Costa

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A barriga é o sinal mais visível de uma gravidez e motivo de orgulho paras os pais, principalmente para as mulheres, que carregam o bebê no ventre durante 9 meses. A idéia de concepção de um filho, porém, não ocorre da mesma forma para todas as mães. Para muitas o pesadelo é tamanho que elas escondem a barriga até a hora do parto. A atitude, muitas vezes, ocorre por medo de repreensão e reprovação dos pais, do parceiro ou até no ambiente de trabalho. A falta de pré-natal, o rompimento prematuro da bolsa e a limitação dos movimentos do bebê são os principais riscos dessa prática.

Enquanto na ficção ainda se vê o truque da barriga ou do exame falsos para forjar gravidez, na vida real a mulher comprime o abdome com faixas e roupas apertadas para esconder a criança. Nesse mundo real, elas são quase sempre de origem humilde

Em 2 casos recentes, um em Sapezal (480 km de Cuiabá) e outro em Várzea Grande, as mães tiveram os bebês sozinhas, em casa, depois de esconder a gravidez da família e amigos durante 9 meses e mataram os filhos logo após o parto. A babá Márcia Alves, 21, escondeu a gestação da patroa. Sheila Carvalho, 20, mesmo vivendo sob o mesmo teto com os pais, escondeu a gravidez, teve o filho no mesmo quarto onde a mãe dormia e a família só soube que ela havia dado à luz, ao ser internada com hemorragia pós-parto. Antes, deixou a criança dentro de uma gaveta.

Obstetra e ginecologista há 28 anos, o médico Ricardo Saad, do Hospital Santa Helena de Cuiabá, afirma que essa prática não se restringe apenas a mulheres do interior. O caso mais recente que intrigou até ele, apesar de toda experiência, foi de uma adolescente de apenas 13 anos.

Segundo ele, os pais foram até seu consultório com a filha certos que a barriga seria um cisto no ovário. "Quando a menina entrou pela porta eu sabia que ela estava grávida", lembra. Saad diz que em respeito ao fato de os pais acreditarem que a adolescente era virgem preferiu posicionar o sonar na barriga da futura mamãe ao invés de fazer os exames de praxe numa gestante. "Quando coloquei o sonar já ouvi o coração e chamei os pais da adolescente para ouvirem também. O pai quis matar a filha e a mãe quase caiu dura", relata ao relembrar a cena inesquecível para ele.

Segundo o obstetra, não deu tempo de realizar qualquer exame de imagem. "O bebê estava nascendo", completa. A adolescente teve parto normal de um bebê grande, mas desenvolveu uma psicose logo após o parto. "Ela escondeu tanto a gravidez que, quando o filho nasceu, jurava que não era dela", repete. O casal levou a filho e o neto para casa, após a alta. "Depois ficou tudo bem", acredita o médico.

Saad diz ser comum mulheres esconderam a gravidez até o 3º ou 5º mês por temer repreensão do parceiro, dos pais e até mesmo no trabalho. "É difícil entender como uma mãe não percebe que a filha está grávida", comenta. "As magras não têm jeito. Qualquer mudança já se nota", diz, ao comentar que as gordinhas escondem a barriga com mais facilidade. "Elas passam a gravidez inteira sem uma consulta, se qualquer problema ocorrer no parto, o médico é o único responsabilizado", desabafa ao insistir nos riscos da ausência do pré-natal. "A bolsa pode se romper por causa da compressão. O bebê também fica com pouco espaço para se movimentar", alerta o obstetra.





Fonte: Gazeta Digital

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