Rio: um batalhão de PMs é assassinado em dois anos
Apesar do efetivo pequeno, a área do 5º BPM abrange também a Central do Brasil, temida por pedestres e motoristas por conta do grande número de furtos e roubos. Segundo estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP), dois tipos de crime aumentaram na região em fevereiro, se comparado ao mesmo período do ano passado: roubo a transeunte (7,8%) e roubo de veículo (41,7%).
O reduzido número de policiais nos batalhões não tem reflexos negativos somente para a população. De acordo com PMs, o problema cria um "efeito dominó". "É comum trabalharmos 14 horas por dia para tentar não deixar áreas descobertas. Com isso, ficamos exaustos e não temos a atenção necessária para a função. Com o tempo, o desgaste emocional é inevitável", contou um soldado do 5º BPM.
Na sexta-feira à noite, traficantes do Morro da Providência assassinaram com um tiro na cabeça o cabo Paulo Cesar Lopes, que fazia ronda próximo ao Terminal Américo Fontenelle.
Somente este ano, 53 policiais militares morreram. Do total, 16 foram assassinados enquanto trabalhavam e 37 estavam de folga. A estatística assusta, principalmente se for levado em consideração o número dos anos anteriores. Em todo o ano passado, foram 29 PMs mortos em serviço e 123 de folga. Em 2005, 25 morreram trabalhando e 112, fora do expediente.
Para o presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae), tenente Melquisedeque Nascimento, a falta de estrutura é uma das principais causas das mortes: "O policial é cada vez mais alvo em potencial dos bandidos. Precisa de pelo menos dois empregos para conseguir manter a família e na maioria das vezes trabalha em viaturas caindo aos pedaços e com coletes ruins. Se está de folga, pode ser surpreendido por bandidos e acabar morto. É muito complicado. Tem ainda os casos de policiais feridos que não conseguem mais voltar ao batente".
O número de policiais militares mortos desde 2005 é equivalente também à tropa do 13º BPM (Praça Tiradentes), outra unidade responsável pela segurança de parte do centro da cidade. O batalhão conta com cerca de 350 PMs. A situação se repete na Baixada. O 34º BPM (Piabetá), em Magé, tem aproximadamente 400 policiais.
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