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Sexta - 04 de Maio de 2007 às 15:19
Por: Wilson Lemos

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Mesmo que seja poliglota, papagaio que trabalha com joão de barro jamais passará de servente de pedreiro. Idêntica impossibilidade de ascensão é enfrentada pela maioria dos militantes partidários que ficam à sombra dos caciques de seus partidos quando pretendem fazer carreira política. Principalmente quando o militante é idealista, competente e vocacionado para a vida pública. E, mais grave, se além de honesto e comprometido com a verdade, mostrar outros atributos como a lealdade e a franqueza. O militante com tais características dificilmente atingirá seus objetivos. Por mais serviços prestados ao partido e ao “padrinho”, jamais alcançará os degraus mais altos da escadaria. No máximo, consegue chegar a vereador...

Tal fato se deve ao egocentrismo e à ambição da maioria dos que ocupam a liderança maior em suas agremiações partidárias. Não enxergando nada além do próprio umbigo, esses caciques se consideram donos absolutos do partido e do eleitorado, e não admitem abrir maiores espaços ao surgimento de possíveis novas lideranças. Por vê-las como prováveis ameaças aos seus projetos pessoais de manter o comando permanentemente em suas mãos, não vacilam em descartá-las tão logo aparecem e se revelam capazes de caminhar sozinhas. Mas, mesmo agindo assim, sempre existe alguém suficientemente ingênuo para acreditar nas suas promessas.

Isto, porque os caciques políticos sabem ser simpáticos e muito envolventes sempre que preciso. Ninguém consegue resistir ao charme desses mestres. Uma característica do cacique político é a extraordinária capacidade que tem de camuflar sentimentos e esconder o que realmente pensa e sente a respeito das pessoas que o servem. Uma outra é a habilidade com que manipula essas pessoas, explorando a boa fé e a vaidade das mesmas para mantê-las dispostas a servi-lo. Pródigo em elogios consegue convencê-las de que são especiais, necessárias e insubstituíveis.O ingênuo militante aprendiz de político sente-se lisonjeado e pronto a servir o cacique como Jacó serviu a Labão na expectativa de ganhar Raquel... Geralmente a vassalagem não resulta na recompensa tão sonhada pelo militante, ou seja, o apoio do “padrinho” às suas pretensões políticas. Estes, como é notório, temem a concorrência de pupilos que porventura possam amanhã lhes fazer sombra. Poucos são os caciques políticos que se preocupam e têm interesse em formar novas lideranças para dar continuidade à obra que iniciaram e contribuírem para mantê-los sempre à sombra do poder. ACM, o ainda poderoso soba da Bahia é um desses caciques. Graças à sua estratégia de usar seu prestígio pessoal para ensejar o surgimento de novos líderes para servi-lo, há quase meio século se destaca dando as cartas no complicado jogo da política brasileira.

Poucos são os militantes “afilhados” de caciques políticos que lograram sucesso em suas carreiras por obra e graça de seus “padrinhos”. E não foi pelos seus belos olhos que obtiveram deles o apoio para subir os degraus da escada política. Na maioria dos casos, utilizaram métodos pouco éticos para arrancar-lhes tal apoio. Além do mais, tinham vocação para o capachismo e eram excelentes bonecos de ventríloquo. Quanto àqueles com os atributos referidos no início, tenho para mim que jamais chegarão à Pasárgada política. Não são amigos do Rei e teimam em agir de modo errado, usando métodos ortodoxos que somente ensinam como não se chega lá...

(Wilson Lemos – Email: wfelemos@terra.com.br)





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