CNI: acesso a crédito é difícil para maioria das empresas

As condições de acesso ao crédito no Brasil são difíceis para a maior parte da indústria, mostra a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). No total, esse indicador ficou em 47,1 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100 e que valores abaixo de 50 são considerados negativos. As pequenas empresas têm o pior índice, com 43,1 pontos, enquanto as grandes, em geral, mostraram satisfação com as condições de acesso a financiamentos. As médias empresas tiveram índice de 46,4 pontos.

"O acesso das pequenas companhias ao crédito é difícil, enquanto as grandes o consideram normal. Esse cenário já era esperado. Nós queremos analisar a evolução desse indicador, que é novo na pesquisa, para avaliar se a situação desse segmento melhora", afirmou o economista da CNI, Renato da Fonseca.

Segundo ele, os dados mostram que os setores com maior dificuldade de expansão, como couros, calçados e madeira, são os que têm mais problemas de acesso ao crédito. "Isso faz sentido economicamente falando", afirmou. Outro segmento com dificuldade de acessar financiamento foi o de bebidas, mas Fonseca explicou que isto está associado ao final do período de grandes vendas.

Capacidade instalada

Fonseca avalia que o nível de utilização da capacidade instalada na indústria não representa uma restrição ao crescimento do País. De acordo com a Sondagem Industrial da CNI, esse indicador ficou em 73% no primeiro trimestre, ante 76% nos últimos três meses de 2006 e 72% em igual período daquele ano.

Para ele, no cenário de produção em alta e expectativa de forte aumento na demanda, o indicador mostra que os investimentos vêm acontecendo em boa velocidade, de modo a evitar focos de pressão inflacionária. "Está claro que não há problemas de oferta", disse.

O economista evitou afirmar que nível seria preocupante para a utilização da capacidade instalada, mas lembrou que em 2004, quando o BC iniciou um ciclo de alta nos juros, esse índice estava acima de 80%.