Acusados em investigação da máfia dos jogos admitem elo com bingos
O advogado Manuel de Jesus Soares, que defende Nagib Teixeira e João Oliveira, assistiu aos depoimentos e informou que Licínio e Laurentino disseram que hoje não têm mais nenhuma ligação com o setor de bingos --tiveram no passado. Para a juíza, afirmaram atuar hoje no ramo hoteleiro.
De acordo com o advogado, Laurentino disse ter sido sócio de Licínio num bingo no passado. Já Licínio teria afirmado que na época representava como procurador os interesses de uma empresa estrangeira nesse bingo.
A juíza também ouviu hoje Belmiro Martins Ferreira, dono da empresa Betec Games, por meio da qual foi impetrado mandado de segurança junto ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região para devolver as 900 máquinas de caça-níqueis que haviam sido apreendidas.
Segundo a denúncia, a quadrilha pagou R$ 1 milhão para o desembargador José Eduardo Carreira Alvim, do TRF da 2ª Região, decidir de maneira favorável aos bingueiros.
Segundo a Polícia Federal, os três atuavam como operadores de Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães; Antonio Petrus Kalil, o Turcão; e a Aniz Abraão David, o Anísio.
Os presos sem foro privilegiado permanecerão no Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar, em Benfica, até o final dos depoimentos. Depois, segundo a Justiça, devem ser transferidos para Campo Grande.
Todos eles foram presos no dia 13 numa megaoperação da Polícia Federal, que atingiu magistrados, bicheiros, policiais, empresários, advogados e organizadores do Carnaval do Rio. Eles são acusados de praticar os crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Dos 25 presos inicialmente, quatro (com foro privilegiado) foram soltos no final de semana: ex-vice-presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região, desembargador federal José Eduardo Carreira Alvim; o desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira, também do TRF da 2ª Região; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região, e o procurador regional da República do Rio João Sérgio Leal Pereira.
Os 21 restantes tiveram a prisão preventiva decretada. Mais tarde, a Justiça decretou a prisão de mais três, elevando para 24 o número de denunciados no inquérito que tramita na 6ª Vara Criminal do Rio. Os quatro acusados com foro privilegiado terão de apresentar defesa ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Depoimentos
Os depoimentos começaram na quinta-feira, quando a juíza ouviu os três primeiros depoimentos dos 17 acusados: Ailton Guimarães Jorge (Capitão Guimarães), Aniz Abraão David, Antonio Petrus Kalil (Turcão).
Na sexta-feira, ouviu mais três: José Renato Granado Ferreira, Paulo Roberto Ferreira Lino, que negou qualquer relação com a máfia dos jogos, e Júlio César Guimarães Sobreira, que não respondeu a nenhuma pergunta, exceto seu nome, do advogado e endereço.
Pelo calendário da PF, os outros acusados prestarão depoimento a partir de quarta-feira, devido ao feriado do Dia do Trabalho, comemorado amanhã.
Na quarta-feira serão interrogados José Luiz da Costa Rebello, Ana Cláudia Rodrigues do Espírito Santo e Jaime Garcia Dias. Na quinta-feira, a Justiça irá ouvir Evandro da Fonseca, Silvério Nery Cabral Jr. e Sérgio Luzio Marques de Araújo.
No dia 4 de maio serão interrogados Virgílio de Oliveira Medina, Luiz Paulo Dias de Mattos e Nagib Teixeira Sauid.
Os dois últimos interrogados --João Oliveira de Farias e Marcelo Kalil Petrus-- serão ouvidos no dia 7 de maio, com audiência marcada para as 11h.
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