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Domingo - 29 de Abril de 2007 às 09:25
Por: Josi Costa

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Todos os dias, mais de uma mulher recorre à esterilidade, por meio da laqueadura, em Cuiabá, para não ter mais filhos. Ano passado, 403 mulheres do Programa de Planejamento Familiar da Secretaria Municipal de Saúde da capital se submeteram a cirurgia, paga pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2005, o número de ligações de trompa foi menor: 332. O levantamento da Diretoria de Regulação, Avaliação e Controle da Secretaria Municipal de Saúde traz outra estatística bastante curiosa. No universo de 835 mulheres que se tornaram estéreis, em dois anos, apenas 12 homens se submeteram à vasectomia; cirurgia que impede a produção de espermatozóide.

O programa oferece outros métodos para evitar a gravidez como pílulas, Dispositivo Intra-Uterino (DIU) preservativos masculino e feminino e orientação para uso da tabela, que monitora o período fértil da mulher. No entanto, apesar de mais radical e definitiva, a laqueadura é a mais procurada segundo a ginecologista e obstetra Iracema Maria de Queiroz, supervisora do programa.

Em sua avaliação, as mulheres optam por ligar as trompas pela comodidade. "Os outros métodos dependem dela. A laqueadura não. É a idéia de resolver o problema para sempre", opina. Iracema garante que o propósito do programa é orientar os casais e oferecer condições para que planejem o número de filhos. Nos homens, segundo ela, ainda perdura a visão equivocada de que fertilidade é sinônimo de virilidade e por isso se recusam a fazer vasectomia. A médica diz que nenhuma mulher é encorajada à optar pela esterilidade, já que há outros métodos. "Uma coisa é não querer ter filhos. Outra é não poder", alerta.

Sem mencionar números, Iracema diz ser grande o número de mulheres, com menos de 30 anos, que tenta reverter a esterilidade. A perda de filhos, um novo casamento ou até mesmo melhoria financeira que permita ampliar a família são os motivos que mais geram arrependimento, segundo ela. "Por ser definitiva, o programa desencoraja a esterilidade como última opção", frisa. Entre o pedido e a realização da cirurgia, o casal precisa esperar no mínimo 60 dias. "A própria lei desencoraja a laqueadura", diz, ao se referir as considerações e alerta contidos no documento criado há 10 anos para coibir as cirurgias em mulheres muito jovens. Ela diz que muitos casais entram para o programa decididos a abrir mão de ter mais filhos, mas desistem depois de orientados.

Nas mulheres casadas, os anticoncepcionais orais são os mais procurados dentro do Programa de Saúde da Família (PSF) enquanto querem se manter férteis. Porém, mesmo orientadas, muitas engravidam porque não usam o remédio da forma correta e assumem os dissabores de uma gravidez indesejada Segundo a médica infectologista, especializada em Saúde da Família, Vanja Bonna, que trabalha no PSF do jardim Novo Paraíso 2, em Cuiabá, as falhas no uso são mais acentuadas nas mais jovens.

Nesse caso, o anticoncepcional injetável é o ideal, embora não seja custeado pelo programa. Os postos também distribuem camisinha, mas a procura praticamente se limita aos solteiros. Quando a mulher tenta convencer o parceiro a usar o preservativo, a reação é de desconfiança. "Eles já perguntam se estão sendo traídos", comenta Vanja.

A médica alerta que a idéia de que ao manter relações com o marido é totalmente segura contribuiu, e muito, para o aumento da Aids entre as mulheres casadas, no Estado, nos últimos anos. "A mulher ainda é maior cliente do SUS", destaca, ao comentar o comportamento do casal na hora de planejar o número de filhos ou de optar pela esterilidade. O programa de planejamento familiar é realizado em parceria pela Secretaria de Saúde e a Schering do Brasil, que em 1998, fabricou pílulas sem o princípio ativo da anticoncepção. O caso ficou conhecido na Justiça como "pílulas de farinha" porque muitas mulheres ficaram grávidas enquanto tomavam o anticoncepcional.





Fonte: Gazeta Digital

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