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Sábado - 28 de Abril de 2007 às 23:50

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A possibilidade de concentração no mercado de petróleo e gás, levantada por alguns especialistas e pelo próprio governo, na operação de venda do grupo Ipiranga, segue uma tendência mundial. A avaliação é do professor do Programa de Planejamento Energético da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexandre Sklo. A concentração de uma determinada área econômica pode provocar o controle de preços e um possível prejuízo ao consumidor.

Segundo o professor, é difícil que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que fiscaliza consiga impedir a transação da compra do grupo Ipiranga pela Petrobras, Ultra e Brasken. “O Cade está exercendo o seu papel ao tentar avaliar este efeito estrutural provocado pela venda do grupo Ipiranga. Embora está seja uma tendência mundial, este movimento de concentração do mercado pode sim vir a prejudicar o consumidor final. Agora, também é fato que o Brasil para poder ser competitivo nesta área tem que continuar pelo mesmo caminho. Acho difícil de o órgão consiga brecar o negócio”, afirmou.

Sklo lembra que o Grupo Ipiranga já era forte na petroquímica e, por isso, essa transferência do controle da Ipiranga Petroquimica para a Brasken, aumenta muito o poder desta última, e pode vir a permitir a fixação de preços em prejuízo da indústria de plástico - e conseqüentemente do consumidor. “Ao mesmo tempo, como também a Central Petroquímica do Sul (Copesul) vai ficar, em parte, nas mãos da Petrobras - que é a empresa que fornece matéria-prima (gás e nafta) para os pólos petroquímicos do Mercosul - ela acaba sendo interessada nos dois pólos da cadeia: tanto como fornecedora como investidora em complexos petroquímicos no Rio de Janeiro e no Sul”, explica.

Para o especialista da Coppe, a análise do Cade é feita a partir de uma "avaliação fria" da teoria da regulação. “Bom: eu estou fazendo aquisição e o mercado fica mais concentrado, com probabilidade clara de prejudicar o consumidor final. Tudo isto, no entanto, pode ou não acontecer. É mais probabilidade do que fato”, ressalta. O professor da UFRJ lembra que o mercado brasileiro importa, atualmente, 30% da matéria-prima utilizada para a produção de petroquímicos básicos. Basicamente a nafta, cujo consumo é de 10 milhões de toneladas. Portanto, outras 3 milhões de toneladas/ano de nafta são importadas anualmente.

“É uma importação que, se você não tiver algum tipo de ação da Petrobras, de modificação do perfil tecnológico na indústria petroquímica e de também de refino, tende a crescer. Até porque a Petrobras tem mais interesse em extrair outros produtos de maior valor agregado em detrimento da nafta”. Na avaliação de Sklo, é exatamente esta agregação de valor que explica o fato de a Petrobras está direcionando investimentos diretos para o setor da petroquímica básica, não passando, portanto, pela produção de nafta em suas refinarias.

A Petrobras, ainda em sua avaliação, está se integrando verticalmente para a petroquímica. “Se você olhar isto pelo prisma econômico da regulação, a tendência do Brasil é de que está concentração na Petroquímica aumente. A Petrobras tende a se tornar uma grande player (companhia) também na área petroquímica é uma tendência natural que teremos que aceitar”, enfatiza.





Fonte: Agência Brasil

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