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Internacional
Sexta - 27 de Abril de 2007 às 18:47

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Manequins de lojas com os seios cortados são mais um efeito da lei que entrou em vigor há uma semana na capital do Irã, Teerã, com o objetivo de repreender as mulheres que desrespeitarem as regras de vestimenta islâmicas.

Um lojista ouvido pela BBC disse ter recebido a ordem de cortar os seios das bonecas à mostra na vitrine de sua loja por serem muito "reveladores". Vários outros estabelecimentos foram fechados por vender roupas consideradas muito "ocidentais".

Desde a revolução islâmica, em 1979, o código do país exige que as mulheres cubram os cabelos com véus e usem roupas que escondam os contornos do corpo. Porém, nos últimos anos, muitas iranianas passaram a usar véus com cada vez mais cabelo à mostra e a se vestir com roupas mais coloridas, casacos justos e calças que deixam os tornozelos à mostra.

Em uma semana, milhares de mulheres já receberam advertências da polícia por "não se enquadrarem no código islâmico" e centenas foram detidas por desafiar as ordens dos policiais.

Protestos

As ações da polícia, realizadas todos os anos antes da chegada do verão, receberam mais destaque da imprensa internacional neste ano e geraram vários protestos ¿ individuais e coletivos.

De acordo com a Agência de Notícias Trabalhista do Irã, mais de 2,5 mil estudantes ¿ moças e rapazes ¿ da Universidade de Shiraz realizaram três dias de protestos contra as duras medidas adotadas no campus, obrigando o reitor a prometer a revisão das restrições.

"Roupas de cores claras não são um problema do ponto-de-vista religioso, mas as roupas dos estudantes não devem questionar convenções", afirmou o reitor Mohammad Hadi Sadeqi, explicando que "os próprios estudantes determinam as convenções, desde que se adeqüem ao que é utilizado em uma universidade".

Nas ruas, mulheres estão sendo abordadas pela polícia e, caso não aceitem mudar seu modo de vestir, são levadas à delegacia, sendo liberadas apenas após parentes ou amigos terem fornecido roupas consideradas "respeitáveis" para elas vestirem.

Exílio

As operações da polícia também incluem a inspeção de carros com passageiras com vestimentas consideradas indecentes, que podem ter seu veículo confiscado.

Além de correrem o risco de ser presas e ter de pagar multas, mulheres que continuarem desafiando a nova lei podem enfrentar uma pena até mais dura, segundo um anúncio do promotor público de Teerã Said Mortazavi.

"Se essas punições não surtirem efeito nestas pessoas, de acordo com cláusulas do artigo 19 da lei islâmica de punição, punições adicionais serão requisitadas, que podem resultar em um exílio de cinco anos de Teerã", disse Mortazavi, de acordo com o website do jornal iraniano Iran.





Fonte: BBC Brasil

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