Casamento gay é mal; aborto é terrorismo, diz Vaticano
O ataque do arcebispo Angelo Amato, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, foi o mais recente em uma série de discursos feitos pelo papa Bento XVI e por outras autoridades eclesiásticas em um momento em que a Itália cogita a concessão de novos benefícios aos homossexuais.
Em pronunciamento a capelães, Amato disse que os jornais e os noticiários da TV se parecem às vezes com "um filme perverso sobre o mal". Ele denunciou os "males que continuam quase invisíveis", porque a mídia os apresenta como "expressão do progresso humano".
Citou especialmente as clínicas de aborto, que qualificou de "abatedouros de seres humanos", a eutanásia e os "parlamentos das chamadas nações civilizadas onde leis contrárias à natureza do ser humano são promulgadas, como a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo".
O Vaticano está indignado com um projeto de lei que dá uma forma de reconhecimento legal a casais não-casados, sejam eles hétero ou homossexuais. A Igreja e políticos católicos, até mesmo alguns da coalizão governista de centro-esquerda, temem que o projeto seja um "cavalo de Tróia" que levaria a casamentos homossexuais.
Amato, supostamente muito ligado ao papa, criticou a cobertura que a imprensa dá aos temas éticos. Após denunciar o "terrorismo abominável" representado por homens-bomba e outros tipos de atentado, ele condenou o que chamou de "terrorismo com face humana", e acusou a mídia de manipular termos para "esconder a trágica realidade dos fatos".
"Por exemplo, o aborto é chamado de 'interrupção voluntária da gravidez' e não de morte de um ser humano indefeso, uma clínica de aborto recebe o nome inócuo, até atraente, de 'centro de saúde reprodutiva', e a eutanásia é brandamente chamada de 'morte com dignidade'", afirmou o cardeal no seu pronunciamento.
Grupos homossexuais já criticaram no passado o papa e as autoridades católicas por tais comentários, acusando-os de interferirem nos assuntos domésticos da Itália.
Entidades contrárias às uniões de homossexuais e de casais não-casados planejam uma manifestação nacional em Roma em maio. A Igreja tem capacidade de atrair centenas de milhares de pessoas, o que poderia ser um constrangimento para o governo de Romano Prodi.
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